terça-feira, 19 de novembro de 2013

Manejo agroecológico do solo é tema de oficina no Noroeste


Rede de Pesquisa do Rio Rural promove acesso a informação sobre técnicas de cultivo sustentável

O Noroeste Fluminense recebeu a Oficina de Manejo Agroecológico do Solo, oferecida pela Rede de Pesquisa, Inovação, Tecnologia e Serviços Sustentáveis em Microbacias Hidrográficas da Região Noroeste, formada pela Secretaria de Agricultura (por meio do programa Rio Rural, Pesagro-Rio e Emater-Rio), Sebrae-RJ e outras instituições parceiras. Para facilitar o acesso aos produtores, a atividade foi realizada em Itaperuna, na última terça-feira (12/11); e em Santo Antônio de Pádua, na quarta-feira (13/11). Os agrônomos Ana Paula Pegorer e Eiser Felippe, ambos consultores do Rio Rural, coordenaram o curso que teve a participação de 100 agricultores.

- Temos que trabalhar a favor da vida, aproveitando o ciclo natural das plantas e os recursos disponíveis no ambiente em que vivemos - disse o agricultor Francisco Carvalho Belieny, produtor agroecológico de oreliculas (hortaliças e legumes) que mora em Aperibé.

Na programação, palestras sobre manejo agroecológico do solo tropical, compostagem e conservação do solo. Na prática, a produção de um composto orgânico tipo Bokashi, que acelera o processo de regeneração do solo. A receita combina um farelo (arroz, trigo, cevada, milho) e uma torta vegetal (oleaginosas como mamona, girassol, soja, amendoim) e o agricultor pode usar os ingredientes que encontrar com mais facilidade.

- O agricultor é também um pesquisador. Ele testa ingredientes e observa os resultados, descobre o mais adequado ao solo de sua propriedade. O composto tipo Bokashi é fonte de nutrientes para as plantas, equilibra o solo e quebra o ciclo de doenças, estimula o aumento e a diversidade de organismos que vivem na terra - explicou Ana Paula, destacando os benefícios do composto.

Para os próximos meses, estão previstas outras oficinas para atender a demanda dos agricultores orgânicos e agroecológicos da região, cumprindo as metas do Plano de Desenvolvimento da Cadeia de Orgânicos, construído por técnicos e produtores durante as reuniões de trabalho da Rede de Pesquisa.

Mudança de vida

Em Pádua, a atividade aconteceu no sítio Boa Sorte, na microbacia Ribeirão dos Ourives, onde a agricultora Waldevina Jardim produz húmus, frutas e flores orgânicos, certificada pelo IBD. Aos 71 anos, ela cuida sozinha da propriedade e se orgulha da mudança que promoveu na paisagem do sítio e na própria vida.

- Aqui era tudo pasto. Tive um problema de saúde (degeneração de retina) e o médico me aconselhou a voltar para o verde. Plantei flores, frutíferas e protegi a nascente. A doença, sem cura, estacionou, para espanto dos médicos - disse Waldevina.

Ela aproveita toda matéria orgânica do sítio e não gasta com insumos. Vende as flores para empresas de buffet e igrejas da região e de Nova Friburgo. O húmus e as frutas – banana, figo, açaí – são vendidos no comércio local.
Nilo Roque Vieira Silva, agricultor de São José de Ubá, também mudou o modo produtivo. Até 2006, produzia de forma convencional, quando ele e a família foram gravemente intoxicados com o uso de agrotóxicos na couve.

- Foi um susto. Aí percebi que era preciso mudar, mas não tínhamos informação. Foi difícil, mas valeu a pena. Agora minha família está saudável e estamos felizes - afirmou.

Ele produz olerículas pelo projeto PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), do Sebrae-RJ, protegeu a nascente e vai receber uma estufa para produção de mudas e cultivo das hortaliças do Rio Rural.

- Precisamos de instrução, acesso à informação e apoio para produzir melhor e poder ficar no campo. Por isso, participo das oficinas e dos cursos. Aprendo e coloco tudo em prática - disse Nilo.

Imprensa RJ 

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