Repórteres do Radiojornalismo da EBC
Ser mãe. Um desafio, um refúgio, uma responsabilidade para a vida
inteira, um ato de coragem, renúncia, padecer no paraíso? Não há como
definir o que é ser mãe. Para cada uma, um significado. Entre
dificuldades e aprendizado, lágrimas e sorrisos, descobertas e
realizações, em uma coisa todas concordam: a escolha da maternidade
inclui muito amor.
Independentemente de idade, classe social, cor, profissão, orientação
sexual, neste domingo e em todos os outros os dias do ano, o que vale é
comemorar a força dessas mulheres, que entre tantos encantos, podem
gerar uma vida ou várias, no ventre ou no coração. E não existe
definição de ser mãe por um motivo muito simples: há tantos tipos de
mães quanto de filhos.
A engenheira Márcia Jopert, por exemplo, adiou a maternidade até se
sentir preparada, inclusive, até encontrar alguém especial para dividir
com ela esse momento. “Sempre fui uma pessoa muito maternal, sempre
desejei muito ser mãe, mas os tempos modernos exigem que a mulher se
prepare um pouco melhor profissionalmente antes de assumir essa função”,
pondera. A hora certa, para ela, chegou há oito anos. “Sou muito feliz
por ter esperado e pela hora que o meu filho chegou. Eu nunca vi
problema em ser mãe aos 40”, declara.
Luciana Chagas é professora, mas escolheu deixar a profissão para se
dedicar à casa e à filha e tem certeza de que essa foi a melhor opção.
“Vou dedicar os meus talentos, até como professora, para educar os meus
filhos, e fazer a minha pequena escola, na minha própria casa”, conta.
Ela não pretende voltar atrás. “Eu acho difícil voltar a trabalhar,
porque pretendo ter muitos filhos. O nenezinho vai crescer, mas daqui a
pouco vai ter outro nenezinho exigindo cuidados”.
A professora universitária Daniela Auad cria a filha Leila com a
companheira Cláudia. A criança de cinco anos é fruto de uma relação
anterior de Daniela. Para Leila, ter duas mães é motivo de dupla
comemoração neste domingo. “Falar de mulheres educando uma criança que é
filha delas biológica ou não biológica, é de coração ou de barriga, é
lembrar às pessoas o tempo todo que 'as baleias são peixes e também são
mamíferos', ou seja, uma coisa não exclui a outra: uma mulher pode amar
outra mulher e ser mãe”, diz.
A pergunta que Daniela mais escuta é sobre quando descobriu que era lésbica. “A melhor resposta para essa pergunta é [dizer] de volta: quando você descobriu que era hétero? Sua família aceitou numa boa?”. Fazendo o outro se colocar no lugar dela, ela sente que pode promover uma reflexão e minimizar o preconceito.
Depois de seis anos tentando engravidar sem sucesso, a arquiteta
Alessandra Araújo e o marido decidiram adotar uma criança. Alana chegou
na vida deles há um ano e quatro meses, com 3 dias. Quando a menina
estava com 9 meses, uma surpresa: Alessandra descobriu que estava
grávida. Para ela, o amor que sente por Alana e pelo bebê que está por
vir é o mesmo.
“Hoje eu posso falar com toda a certeza do mundo, porque antes eu
também falava que não tinha diferença, mas as pessoas ficavam olhando
estranho”, revela. “Eu já sentia que não tinha diferença e aí, quando eu
fiquei grávida da minha barriga, pra mim continuou sem diferença
nenhuma. O amor se constrói”, resume.
Isabel Tavares foi mãe cedo, aos 18 anos, e garante que se assustou
na época. Hoje, casada há quase dez anos e com mais uma filha, ela
confirma que a maternidade é um eterno aprendizado. “Ser mãe é a coisa
mais complexa que pode existir. Ao mesmo tempo que é a coisa mais linda
que [existe], que é uma ligação muito forte com o filho, às vezes nos
frustra muito não saber o certo ou o errado”. Mesmo com as inseguranças
comuns da relação entre mães e filhos, Isabel acredita que toda mulher
deve viver esse momento. “É uma experiência que todos deveriam passar. É
única, é indispensável para o nosso crescimento”, afirma.
Para Josilene Cardoso, não bastou ser mãe de um filho biológico. Ela
escolheu a maternidade também como profissão: é mãe social em um abrigo.
No dia a dia, o desafio é suprir a carência que o abandono deixa nas
crianças. “Embora eles tenham a gente [as mães sociais] como referência
no momento, eles sabem que nós não somos mães deles. Algumas crianças
esperam que os pais venham buscar e outras esperam ser adotadas”, conta.
“Para nós e muito complicado, porque não tem como preencher esse
espaço que é de mãe. [É] a gente que dá banho, a gente que põe comida na
boca, a gente que vai nas reuniões da escola, mas eles sabem, embora
tenham a gente como referência, que a gente não é mãe. Eles esperam ter
isso um dia”, diz, emocionada.
E há quem ainda não conheça o gostinho de ser mãe, mas conta os dias para ver a carinha do bebê que está prestes a nascer. A advogada Denise Arantes se prepara para a jornada, que começa em poucos dias.
Lorena vai
chegar no dia 13 de junho.“É uma curiosidade de saber como ela vai ser,
como vai ser o rostinho dela, do que ela vai gostar, como vai ser o
temperamento”, diz. O que ela mais quer é ser uma boa mãe. “Eu pretendo
ter um olhar para ela, para a individualidade dela. Quero ser amiga,
aquela mãe que ouve. Quero passar para ela os princípios que eu acho
importantes”, confidencia a mamãe de primeira viagem.
A Agência Brasil homenageia as mães pelo dia de hoje.
O blog Miracema.RJ também homenageia as mães pelo dia de hoje.
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