Em Miracema sempre acordo muito cedo, mesmo quando me digo
que vou dormir até mais tarde. A algazarra de bandos de maritacas (Psittacidae) que
ainda convivem entre nós (maracanã-verdadeira, maitaca-verde e
periquitão-maracanã) cruzando o céu da cidade em todas as direções me põe pra
fora da cama cedo.
Mas não reclamo da algazarra, pois entendo a necessidade deles cruzarem a cidade em busca dos remanescentes da Mata Atlântica que ainda tem os seus cafés da manhã. O dia que não ouvirmos mais estes estridentes pássaros, saberemos que nem mesmo os remanescentes de matas ficaram de pé e eles foram como muitas outras espécies em busca de uma nova área que lhes ofereça meio de sobrevivência. Será como o calar do apito da Fábrica de Tecido São Martino que entoava seu som pelos quatro cantos da cidade para chamar o operário para a labuta, que deixou saudade em muitos de nós.
Destas três espécies de pássaros, a mais comum em Miracema é a maracanã-verdadeira. Essa espécie é classificada como vulnerável a extinção (CITES I), ou seja, se medidas não forem tomadas essa espécie pode entrar em processo de extinção.
Além destas três espécies de pássaros têm também em Miracema o Chauá e o Tuim. O Chauá circula pouco sobre a cidade e o Tuim não circula na área urbana como fazem os demais membros da família.
O Chauá é o mais ameaçado de extinção, pois se encontra no estágio "perigo", o que quer dizer menos de 10 mil indivíduos existentes no planeta. E em Miracema tivemos o privilégio de tê-los entre nós.
Infelizmente, o desmatamento e comércio internacional (tráfico) e local vêm afetando as populações destas espécies.
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