O fator previdenciário, criado durante o governo
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tinha o objetivo de estimular os
trabalhadores a permanecer no mercado de trabalho. O dispositivo reduz o valor
das aposentadorias de quem se aposenta por tempo de serviço antes de atingir 60
anos, no caso das mulheres, e 65 anos para os homens. O fim do fator chegou a
ser aprovado pelo Congresso, mas foi vetado pelo então presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. O veto do ex-presidente Lula teve por base análise econômica.
As cinco maiores centrais
sindicais do país - Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical,
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos
Trabalhadores (UGT) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) - criticaram
ontem (30), em nota conjunta, a decisão da bancada governista de adiar a
votação do projeto de lei que extingue o fator previdenciário. Apesar do apoio
de diversos líderes, a matéria não foi incluída na pauta de votação da Câmara
dos Deputados, na sessão da última quarta-feira (28), e agora não tem prazo
para ser novamente apreciada.
De acordo com o documento das centrais sindicais,
o fim do fator previdenciário é umas das prioridades da pauta dos
trabalhadores, e vem sendo negociada pelas centrais com o governo desde
2007. “Apesar de termos proposto diversas alternativas para solucionar os
impasses surgidos e chegado ao acordo da fórmula 85/95, o governo vem
sistematicamente bloqueando a votação dessa matéria no âmbito da Câmara Federal
[Câmara dos Deputados]”.
Entre as propostas defendidas pelas centrais para
a substituição do fator previdenciário está adoção da regra do 85/95. O
mecanismo condiciona a aposentadoria à soma do tempo de contribuição à
Previdência e à idade do beneficiado.
No caso dos homens, por exemplo, serão
necessários, no mínimo, 35 anos de contribuição e 60 de idade, totalizando 95,
para que o trabalhador se aposente com o teto do benefício pago pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS). Para as mulheres, a soma do tempo de
contribuição com a idade tem que atingir 85.
Pela primeira vez em dez anos, o fator previdenciário determinará
pequeno aumento no valor da aposentadoria
Os segurados da Previdência
Social com 55 anos de idade ou mais que se aposentarem entre dezembro deste ano
e novembro de 2013 serão beneficiados pelo fator previdenciário. Pela primeira
vez em dez anos, o fator determinará pequeno aumento no valor da aposentadoria,
decorrente da aplicação da tábua de mortalidade de 2011, divulgada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O diretor da Conde Consultoria
Atuarial, Newton Conde, fez os cálculos do aumento nos benefícios. “A média vai
ficar mais próxima dos R$ 5 do que dos R$ 50. O maior aumento é para quem se
aposentar aos 80 anos. Esse deverá receber algo próximo de R$ 100 a mais",
explica.
Com os números do censo
demográfico mais recente, o IBGE faz todos os anos uma estimativa para a
expectativa de vida do brasileiro. O fator previdenciário utiliza a estimativa
para prever por quanto tempo o benefício será pago. Quanto maior a expectativa
de vida, menor o benefício. No novo cálculo, as pessoas com idade entre 40 e 48
anos ganharam cerca de um mês de expectativa de vida. As que estão entre 55 e
80 anos, faixa etária da maioria das aposentadorias, tiveram redução entre um
mês e um ano.
Apesar do aumento do fator
previdenciário, o Sindicato dos Aposentados mantém a posição contrária à
aplicação da regra. Segundo o presidente, João Batista Inocentini, o fator
“serve para reduzir o benefício daqueles que contribuíram o tempo necessário,
que começaram a trabalhar mais cedo. É uma regra injusta".
A nova tabela do fator previdenciário passa a valer com a publicação dos números do IBGE no Diário Oficial da União, o que deve acontecer na próxima segunda-feira (3).
Com informações da Agência
Brasil
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