quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Volume dos rios não para de subir no interior

Noroeste Fluminense tem 11 cidades inundadas e algumas ilhadas; diques estão ameaçados em Campos

Os transtornos da chuva se agravaram ontem nos municípios do Norte e Noroeste Fluminense, com o volume dos rios Pomba, Muriaé e Paraíba do Sul aumentando em consequência das chuvas que caíram em Minas. De acordo com a Defesa Civil estadual, 22.800 pessoas estão desalojadas em oito municípios, como em Santo Antonio de Pádua (12 mil), Itaperuna (5 mil) e Laje do Muriaé (2.500).

Em Santo Antônio de Pádua, o comércio e os bancos não funcionaram. O abastecimento de água foi suspenso e faltou energia elétrica em alguns bairros. Dos 18 bairros da cidade, 17 ficaram alagados. Na terça-feira, a prefeitura de Pádua decidiu dar alta a 20 pacientes que estavam internados no único hospital da cidade, transferindo outros dez para um hospital de Miracema.

Cardoso Moreira sem abastecimento de água

Já em Itaperuna, o Rio Muriaé continuava acima do nível normal, e as águas invadiram outras áreas além do Centro. O Hospital São José do Avaí teve o primeiro andar interditado e os pacientes chegavam em caminhões ou canoas. A situação também é crítica nos municípios de Italva, Cambuci e principalmente Cardoso Moreira, que está isolada. A BR-356, que liga Campos a Itaperuna, tem pontos de interdição, com as águas do rio Muriaé passando sobre o asfalto. Em Cardoso Moreira, o abastecimento de água também foi suspenso e o comércio fechou as portas.

Apesar de Campos contar com diques que protegem a margem direita do Rio Paraíba do Sul, a situação é preocupante, segundo a Defesa Civil. Todas as secretarias foram mobilizadas para minimizar os danos das chuvas. Os bairros de Ilha do Cunha, Tira-gosto e Prazeres foram invadidos pelas águas, fazendo os moradores buscarem abrigo em casa de parentes ou escolas municipais. A Secretaria municipal de Saúde está vacinando os moradores contra hepatite A e tétano. Segundo o secretário da pasta, Paulo Hirano, a grande preocupação é com a leptospirose, doença transmitida pela urina de ratos. Também ontem foi interditada uma das seis pontes de Campos, a Barcelos Martins, sobre o Rio Paraíba, por causa da velocidade da correnteza do rio, que pode afetar os pilares da ponte.

Em Campos, nível de rio atinge nível crítico

A Defesa Civil informou que ontem a cota do Rio Paraíba, em Campos, estava próxima de 11, o que é considerado crítica. A partir da cota 12, existe o risco de a barreira de diques ser invadida pelas águas. Ruas próximas à Ponte da Lapa foram interditadas. A expectativa da Defesa Civil é de que a situação possa se estabilizar se parar de chover em Minas.

Uma base de operações da Defesa Civil estadual será montada em Laje do Muriaé para a realização de ações preventivas. O Centro de Comando e Controle, que conta também com equipes da Defesa Civil municipal, da Cruz Vermelha, do Sistema de Meteorologia do Rio (Simerj), do DRM e do Instituto Estado do Ambiente (Inea), funcionará nos mesmos moldes da base de Nova Friburgo, na Região Serrana.

O secretário estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, coronel Sérgio Simões, seguiu ontem para a região. Simões vai se juntar às equipes da Defesa Civil para a ativação de um Centro de Comando e Controle na região, além de visitar os municípios atingidos pelas chuvas.

No caso de Laje do Muriaé, segundo o prefeito José Eliezer Tostes Pinto, 25% da população da cidade estão desalojados:

- O Rio Muriaé subiu seis metros acima do nível normal. A cidade alagou como nunca havia alagado. Estamos recebendo todo apoio da Defesa Civil, mas vai levar tempo para tudo se acertar. O prejuízo foi enorme, pois 90% do nosso comércio fica na área alagada - afirmou o prefeito à Rádio CBN.

Produção leiteira é prejudicada na região

O Noroeste Fluminense pode sofrer com a redução de 10% da produção leiteira. Uma estimativa da Secretaria estadual de Agricultura é que haja diminuição em 50 mil litros de leite produzidos por dia. Hoje, a produção é de 500 mil litros. Municípios como Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna e Cardoso Moreira são os mais prejudicados.

- A população conseguiu retirar os animais da região ribeirinha. Por isso, a produção carne só será afetada se a chuva continuar. No entanto, o leite tem consequência imediata - explicou o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.

Ainda segundo o secretário, a principal atividade agrícola da região é de tomate e pimentão, que são plantados em áreas mais elevadas e até agora não sofreram com as inundações.

Na Região Serrana, nem o escoamento da produção agrícola nem as lavouras foram afetadas ainda, segundo o secretário. Ele informou que desde o ano passado, o estado recuperou 900 quilômetros de estradas que tinham sido prejudicadas pelas chuvas na região.

A Secretaria estadual de Saúde montará uma base em Itaperuna para dar apoio às cidades afetadas pelas chuvas no Norte e no Noroeste. Desse ponto de apoio sairão os kits de calamidade pedidos pelas prefeituras, medicamentos e insumos hospitalares. Cada kit tem capacidade para atender 500 pessoas. Serão entregues ainda salas de estabilização (espécie de UTI) e Raios-X a Laje do Muriaé e Cardoso Moreira. Cada sala de estabilização contém leito com maca, cama elétrica, cardioscópio, respirador, monitor e desfibrilador.

Por causa das chuvas, os postos de vistorias e a Ciretran do Detran de Itaperuna, Santo Antônio de Pádua e Cordeiro suspenderam os serviços.

Fonte: O Globo de hoje

2 comentários:

Luiz Carlos Martins Pinheiro disse...

Amigo Hélcio

Parabéns pelo retorno deste blog.

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.

Hélcio Granato Menezes disse...

Luiz Carlos,

Obrigado pelo incentivo! Vamos, na medida do possível, continuar a dar informações relacionadas com a nossa região.

Abraços,
Helcio