terça-feira, 12 de abril de 2011

ÍNDICE DE VULNERABILIDADE AMBIENTAL DO NOROESTE FLUMINENSE
De acordo com o estudo realizado pela Fiocruz MAPA DE VULNERABILIDADE DA POPULAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO AOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NAS ÁREAS SOCIAL, SAÚDE E AMBIENTE (*), os índices de cobertura vegetal e de conservação ambiental do Noroeste Fluminense apresentaram-se os mais baixos do Estado do Rio, conforme pode-se observar nas imagens e tabelas abaixo.

A seguir, será apresentado resumo relativo a estes tópicos do estudo da Fiocruz, porém, para melhor compreensão, aconselha-se ver o estudo completo, cujo link foi disponibilizado acima.

INDICADOR DE COBERTURA VEGETAL - ICV


O Indicador de Cobertura Vegetal (ICV) agrega a proporção da área do município ocupada por cobertura vegetal , incluindo os dois maiores conjuntos de fitofisionomias florestais primários e secundários do ERJ, quais sejam, a Floresta Ombrófila e a Floresta Estacional (a floresta do Noroeste é classificada como Estacional).

Com relação às macrorregiões, nota-se valor elevado do ICV para a Costa Verde (0,86) e, no outro extremo, encontra-se a macrorregião Noroeste Fluminense, que teve suas matas dizimidas ao longo de séculos. Valores intermediários foram observados nas macrorregiões Serrana e Centro-Sul (respectivamente, 0,47 e 0,44), e índicadores menores nas demais macrorregiões do Estado, que variaram de 0,29 a 0,39 (Imagem I e Tabelas I e II).

INDICADOR DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE - ICB

O Indicador de Conservação da Biodiversidade (ICB) é um indicador composto que corresponde ao Índice de Ameaça e Endemismo elaborado por Rocha et al. (2009), os quais levaram em consideração o grau de ameaça e/ou endemismo das espécies da fauna de vertebrados terrestres do ERJ.

O ICB permite apontar quais são os municípios com elevada ocorrência conjunta de espécies de vertebrados terrestres ameaçados e/ou endêmicos. Os valores mais elevados estão associados aos municípios que possuem áreas protegidas, o que se verifica, principalmente, nas serras dos Órgãos, Itatiaia, Desengano e da Bocaina.

Os municípios com baixo ICB são os que apresentaram menor número de registros de espécies ameaçadas e/ou endêmicas, o que se deve a eventuais lacunas de conhecimento no que se refere à ocorrência e distribuição das espécies. Nesse sentido, dos 92 municípios, 12 não foram inventariados, pelo menos nos últimos 20 anos, muito provavelmente por não mais possuírem remanescentes florestais (a exemplo de Belford Roxo, Mesquita e Nilópolis), e/ou por se situarem distantes dos centros de ensino e pesquisa (como Aperibé, Quatis e Varre-Sai) (Rocha et al., 2009).

Os municípios com maiores ICB foram considerados, neste estudo, como mais vulneráveis à ação das mudanças climáticas, em função do maior risco de perda de espécies (ver Imagem II e Tabelas I e II).

Com relação às macrorregiões, o ICB apresenta comportamento similar ao ICV, sendo que a Costa Verde, com 0,75, é a que apresenta o maior indicador dentre todas. A Noroeste Fluminese possui o menor indicador (0,15), ao passo que as demais macrorregiões variaram de 0,31 (Norte Fluminense) a 0,58 (Baixadas Litorâneas) (Imagem II e Tabelas I e II)


Tabela I - Índices de Cobertura Vegetal e de Conservação da Biodiversidade do ERJ
Tabela II - Indices de Cobertura Vegetal e de Conservação da Biodiversidade do NOF
Contudo, se políticas públicas derem prioridade na recuperação da cobertura vegetal e conservação da biodiversidade do Noroeste, poderemos enxergar uma luz no final do túnel. Alguns passos importantes foram dados na região para restabelecer em parte o que foi perdido. Mas, ainda é muito pouco pelo que havemos de recuperar. A situação assim exige.

Em Miracema, por exemplo, foram tomadas algumas iniciativas, como as criações da APA – Miracema, REVIS da Ventania, Agenda 21, ong AMINATUR ... Esperamos que muitas outras iniciativas sejam implementadas, a curto prazo, para tentar reverter, pelo menos um pouco, este quadro de degradação que nos mostrou o estudo da Fiocruz, que infelizmente colocou o Noroeste em último lugar no ranking do Estado do Rio.

* o link para o estudo da FIOCRUZ foi atualizado em 22/10/2017 com a versão 2014, visto que a versão da data da postagem foi substituída na Web..

3 comentários:

AngelMira disse...

Hélcio,
Parabéns pela dedicação, em ler todo o estudo e trazer ao blogue as informações que dizem respeito ao Noroeste fluminense.
Ao contrário, do que foi divulgado, o que o estudo mostra, com olhar mais apurado, é que precisamos agir.
Pena que alguns blogues politiqueiros, sem analisar os dados, tenham divulgado diferente.
Será que pensaram que ninguém iria ler o trabalho?

Hélcio Granato Menezes disse...

Angeline,

O estuda da Fiocruz é muito complexo e tem muitas coisas interessantes que nas minhas postagens não divulguei. Vale a pena lê-lo com cuidado.
Obrigado pela divulgação da postagem no O Vagalume.
Abs

Postador disse...

Caro Hélcio,

Obrigado por atender nosso pedido e analisar os dados do relatório. Quando lhe enviamos tínhamos certeza que faria um belo trabalho, como fez.

Infelizmente não tenho formação econômica que permita ler e entender como você entendeu. Você era o único com conhecimento e formação que poderia atender nosso pleito e analisar corretamente o relatório, que, como você disse, é complexo demais.

O bom é que Miracema, no conjunto, ainda está na frente das demais cidades da região, como consta do estudo.

E realmente, iniciativas foram tomadas, agora é aguardar que elas deslanchem.Pena que tem gente torcendo contra a nossa cidade. Não amam a terrinha como você.

abçs

José Souto Tostes