segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O AVÔ E O NETO NA PRAÇA D. ERMELINDA III


Trimmmmmmmmm!

- Ô! meu neto. O que o traz aqui a esta hora da manhã?
- Tudo bem? vô. Vim para lhe acompanhar no seu passeio na praça d. Ermelinda.
- Então vamos lá. Eu já estava de saída.
- Espera um pouco, vô, deixe-me dar um beijo na vó.
- Podemos ir?
- Claro! meu neto, só vou deixar este livro aqui que estava levando para ler na praça. Com sua companhia não preciso de outra.
- “Pontas de Fogo”, de Gilberto Barroso de Carvalho. Interessante! vô.
- Se você gostou, pegue-o emprestado.
- Han, sim. Obrigado.

E juntos, caminharam avô e neto para a praça.

- Meu neto, vamos nos sentar hoje mais no centro da praça?
- Aonde quiser, vô. Não faço nenhuma objeção. Vamos, então, sentar ao lado do busto do autor de “Pontas de Fogo”?
-Vamos, sim.

E o neto deu uma folheada no “Pontas de Fogo” e parou na página do poema “Mentira Azul”.

-Título bonito e enigmático este: “Mentira Azul”. Heim, vô? Quer que eu o leia para o senhor?
- Faz favor, meu neto.
- Então lá vai:

“Minha amiga,
Recebi tua carta e em seus dizeres
Senti que a alma tens presa a um mito antigo.
Que em troca dos reais e bons prazeres
Queres o céu, casa de um Deus amigo.
Pobre de ti!
Há pois para escolheres
Os dois caminhos que traçar consigo:
Um, em que a Luz deslumbra os vivos seres,
Outro em que a treva marchará contigo.
O da Luz, é o da Terra alegre e clara,
Da Vida que vivemos, desta seara
Que em nossas almas lavra o Amor taful.
O outro é o do Céu - uma esplanada altura
Que à alma entristece e a vida desfigura
E é nada mais que uma mentira azul.”

- Vô, o senhor sabe o significado de taful?
- Meu neto, em casa pegue o dicionário.
- He! he! he! Tá bem, vô.

- Vô, estou já há algum tempo para lhe perguntar sobre a Sociedade Operária, cuja sede fica ali do outro lado da rua, porque quase não vejo movimento lá.
- A sede da Sociedade foi construída em 1926. Por ali nunca houve mesmo muito movimento, não. Com os movimentos sociais que ocorreram no Brasil, como o “Anarquista” em S. Paulo, nunca se permitiu que ali tivessem mais do que cursos como de corte e costura para as mulheres, alfabetização de adultos e, claro, time de futebol para os homens.
- Mas quem, vô, não permitia que tivesse outros movimentos lá?
- Meu neto, você hoje está um pouco com preguiça de pensar! E você deve estudar mais história.

- Tem razão, vô. Vô, a prosa tá boa, mas escutou o relógio da Igreja?
- Vamos almoçar, meu neto.


No “Espaço do Marcelino” (http://www.marcellino.xpg.com.br/2.html ) tem uma biografia muito boa do Gilberto Barroso de Carvalho. Vale a pena conferir.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O AVÔ E O NETO NA PRAÇA D. ERMELINDA II


Trimmmmmmmm! Trimmmmmmmm!

- Olá! meu neto. Já vi que você esqueceu? A esta hora do dia seu avô está aonde?
- É mesmo vó! Está lá na praça d. Ermelinda. Mas que cabeça a minha! Está tudo bem com a senhora?
- Estou ótima, meu neto! Não deixe seu avô se atrasar pro almoço.
- Tá bem, vó.

E o neto encontrou seu avô no lugar de sempre na praça d. Ermelinda.

- E aí vô, pensando na vida! Quem pensa muito na vida não casa!
- Ô meu neto! você por aqui. Que vento o traz? Achegue-se.

- Vô, as árvores da praça estão bonitas.
- Estão, sim. Nesta época do ano elas ficam mais belas. Quem plantou e cuidou por muito tempo da maioria destas árvores foi seu Zapp, um imigrante italiano que tinha muito amor por vegetações.

-Vô, qual é a finalidade daquela casinha tipo chinesa ali no meio da praça?
- Aquilo virou um depósito de tudo aqui da praça. Inicialmente foi viveiro de passarinhos. Esse tal viveiro foi inaugurado no final dos anos sessenta passados. E não eram somente passarinhos que prendiam ali, eram também lagartos, cágados, coelhos. Uma espécie de mini-zoológico da fauna dos resquícios da Mata Atlântica daqui do nosso município. O povo fez uma piada na época da inauguração do viveiro: “a primeira dama perguntava para o prefeito, um amante de passarinhos, qual era o nome dos pássaros. E o prefeito ia dizendo, até que teve que responder: ignoro - o nome do pássaro, evidentemente. Então a primeira dama exclamou: Ah! mas que casalzinho de “ignorinho” bonitinho!”
- Há! há! há! há! há! há!
- Você acredita, meu neto, que esse tal viveiro, feito de madeira de segunda e de tela de arame barato, foi tombado pelo patrimônio histórico do município?
- Inacreditável, vô!
- E é por isso que não puderam tirá-lo de lá. Então fizeram aquela casinha tipo chinesa para ser orquidário, mas acabou virando depósito.

E o relógio da Igreja com suas badaladas anunciou o horário do dia.

- Vô, vamos almoçar?
- Vamos, meu neto, porque senão sua avó vai brigar comigo.
CESÁREAS NO ESTADO DO RIO

Na coluna “GENTE BOA”, de Joaquim Ferreira dos Santos, do “Segundo Caderno” do jornal “O GLOBO”, de hoje, foi publicada estatística de cesáreas no Estado do Rio: 55,1%.

E disse o colunista:

“O número é alarmante, pois a Organização Mundial de Saúde recomenda que apenas 15% dos partos sejam através daquele procedimento cirúrgico.

Os municípios com índices elevados de cesáreas, segundo o Anuário de Estatístico do Rio que será divulgado hoje, pela Fundação CEPERJ, são: São José de Ubá com 93,3%, Itaocara com 90,8%, Aperibé com 86,6%, Santo Antônio de Pádua com 84,5%.

Entre 2002 e 2007 o número de parto normal caiu 18,31%.”

Todos os municípios com taxas alarmantes de cesáreas citados na notícia são do Noroeste Fluminense.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O AVÔ E O NETO NA PRAÇA D. ERMELINDA I


Trimmmmmm! Trimmmmmmm!

- É você! meu neto. Já sei! veio procurar seu avô pra bater uma prosa, né?
- Oi, vó, tudo bom com a senhora?
- Está tudo ótimo! meu neto. Só que seu avô não está. Ele foi, como de costume a esta hora do dia, dar suas voltinhas na praça D. Ermelinda.
- Então vou lá, vó, atrás dele. Tchau.
- Vai com Deus, meu filho!

E o neto foi à procura do avô. Ao entrar na praça, pela primeira entrada da rua Direita, avistou seu avô sentado num banco do passeio, à margem esquerda:

- Olá! vô. Tá aí quietinho pensando na vida?
- Ô meu neto! Como vai? Aprochegue-se.
- Tudo bom, vô. Vô, o senhor conheceu a praça d. Ermelinda com grade ou sem grade?
- Conheci sem grade. Você não imagina o perrengue que foi para conseguir colocar estas grades ao redor da praça. Os tempos mudaram, e os políticos, conservadores que só, demoraram muito pra entender que a melhor maneira de proteger a praça seria a colocação de grades. Mas, enfim, acabaram entendendo.

- Vô, por que a terra do passeio em frente é branca acinzentada?
- Li, em algum lugar, que este local era alagadiço. A terra é desta cor porque o terreno é argilífero. Quem fez esta praça, meu neto, foi o capitão Altivo Linhares, em 1931, quando foi interventor no município de Pádua, que naquela época também era nosso município, conforme você já deve ter aprendido na escola. Capitão Altivo era homem de visão extraordinária para sua época.

- Vô, não seria melhor calçar tudo isso?
- Já foi calçado um dia. Em 2008, tivemos um prefeito muito empreendedor, que promoveu uma boa reforma na praça. Na reforma, foram retiradas quase todas as descaracterizações da praça original e aproveitaram para colocar calçamento em todos os passeios e iluminação que valorizava o ambiente e as árvores da praça. Mais tarde foram retirados esta iluminação e os calçamentos dos passeios laterais da praça. De voltar a ser terra até que gostei, porque traz recordações do tempo que eu brincava de bolinha de gude e rodava pião. Os bancos também foram modificados de lugar, pois na reforma eles foram colocados de frente um para o outro. Também gostei desta mudança, porque quem vem sentar-se na praça não precisa ficar olhando pra cara do outro que senta em frente. Os bancos não devem ficar de frente pra praça?
- Certamente, vô.

- Vô, o que eu não consigo entender direito é aquele “paredão” que separa o ringue da praça.
É! Aquilo tem muita história. Você acredita que teve um prefeito que mandou construir no ringue um ginásio esportivo!
- Não brinca, vô!
- É verdade! E uma das finalidades do ginásio era a de servir de quadra de ensaio de escola de samba que, também, arregimentava eleitores. Depois o ginásio foi demolido e construíram uma arquibancada naquele lado do ringue e por isso tem o “paredão” pro lado da praça. Um belo dia vão tirar o “paredão” de lá! É questão de tempo!

-Vô, vamos embora porque a vovó deve estar preocupada. Já passou da hora do senhor almoçar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

POPULAÇÃO DE MIRACEMA CAI 0,8% NESTA DÉCADA

Segundo matéria do jornal “O GLOBO” de hoje (“O Rio que encolhe”):

A população de Miracema deve recuar nesta década 0,8% para 26.824 habitantes.
Mais de 90% da arrecadação da cidade vem dos royalties do petróleo e do Fundo de Participação dos Municípios, que devido à crise internacional, sofreram forte redução: queda do preço do petróleo e a desoneração feita pelo governo federal nos Impostos de Renda e Sobre Produtos Industrializados (IPI).

Segundo o prefeito Ivany Samel, em depoimento àquele jornal, a previsão orçamentária para 2009 que era de R$ 44 milhões não deve chegar a R$ 30 milhões.

O especialista em desenvolvimento regional José Luiz Vianna, da UFF de Campos, ressalta outro problema enfrentado pelos municípios que estão com perda de população: - Como as novas gerações vão embora, os grupos políticos não se renovam. Sem idéias novas cria-se um ciclo vicioso.

Além de Miracema, outros três municípios do Noroeste Fluminense também terão recuo de suas populações: Itaocara (-2,3% para 22.459 habitantes), Cardoso Moreira (-0,9% para 12.481 habitantes) e Trajano Moraes (-1,2% para 9.915 habitantes).
A matéria do “O Globo” conta o drama de uma família de Itaocara, proprietária de pequeno sítio, para sobreviver e conviver longe de seus filhos que migraram para outras regiões do país.

Em 1930, início da derrocada da produção cafeeira em Miracema, a população do município era estimada em trinta mil habitantes. A maioria da população naquela época concentrava-se na zona rural.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

REPRESA DA USINA


Vi uma excelente e refrescante notícia no sítio oficial do município de Miracema: a represa da ex-Usina Santa Rosa está sendo reformada, pela Prefeitura. Com o calor que faz no verão em Miracema, a população bem que merece um “piscinão” para se refrescar. E de graça.

Tal notícia fez com que eu "viajasse" nos verões do meu tempo de moleque na "Terrinha". Eram várias as opções de banho de rio em Miracema. Acima da cidade, no seguimento do ribeirão Santo Antônio, existiam mais dois poços, além da represa da Usina. Os moleques achavam mais interessante o último desses poços, por causa do barranco que ali existia em uma das margens, na beira da estrada, com cerca de 4 metros de altura. Desse barranco os moleques mergulhavam no ribeirão. Com a construção da estrada Itaboraí-Itaperuna tais poços desapareceram.

O poço do Nensinho localizava-se onde hoje é a ponte em frente ao “Brizolão”, ao lado do parque de Exposições. Era o poço mais próximo, porém mais poluído que os demais, embora, naquela época, a cidade não estivesse tão desenvolvida naquela área quanto está hoje. Quando chovia muito na cabeceira da nascente do Santo Antônio, na serra de Flores, uns moleques mais "corajosos" desciam, pelas fortes correntezas que se formavam, da represa da Usina até o poço do Nenzinho apoiados em troncos de bananeira.

No Conde, havia, creio que ainda há, uma belíssima formação de lajeados com pequenas cachoeiras, que ficava localizada ao lado da linha férrea - hoje estrada Miracema-Campelo -, na altura da primeira ponte depois das olarias – onde hoje é o Segundo Pólo Industrial de Miracema. Mais adiante, dois poços do Seu José Arão, também com pequenas cachoeiras. Estes poços e o Conde eram habitados por jacarés, por isso e por serem localizados em zona de maior poluição, apesar do reforço de água limpa da afluência do ribeirão Sombreiro, eram poucos frequentados.

Fora do seguimento do ribeirão Santo Antônio, existiam, creio que ainda existem, os poços banhados pelo ribeirão Sombreiro, cerca de três poços localizados no Moura e o poço do Sombreiro, com uma pedra enorme que ocupava toda extensão de uma das margens.

Outro bom local de banho era na lagoa Preta. Uma linda e enorme lagoa artificial, que ficava na fazenda do pai do meu saudoso amigo Romário, seu Zeca Dono. Apesar da lagoa ser de propriedade privada, o banho lá funcionava como se fosse público. O dono da fazenda não se incomodava com a frequência dos banhistas. O banho na lagoa se tornava perigoso, devido a grande extensão de águas profundas. Outra característica de açude é a água morna por até cerca de 1m de profundidade e extremamente fria abaixo disso.

Na fazenda da Liberdade, os moleques, com a permissão dos seus donos, frequentavam seu imenso açude, que era rodeado por uma linda mata e tinha um bote para passear. Naquele lugar, mais passeávamos de bote do que tomávamos banho, pois tínhamos medo do silêncio daquelas águas profundas, parada e escura, rodeadas por matas nas margens, e também por medo de jacarés. Durante o passeio de bote, a molecada gostava de brincar com o eco que ressoava alto naquele lugar. O caminho para chegar ao píer do açude, onde ficava ancorado o bote, era rodeado por pomar. A molecada não resistia e quase sempre subtraía umas frutas. Na volta para casa acostumávamos cortar bambu de fazer vara de pescar para levar, que ali havia em abundância.

O rio Pomba, que banha o vilarejo de Paraoquena, a 14 Km de Miracema, a molecada frequentava pouco devido ao perigo que ofereciam os rios, com muitas pedras imprevistas encobertas por águas turvas que as fortes correntezas poderiam nos arremessar. Lá, normalmente, tomávamos banho em duas ou três praiazinhas, mas alguns moleques "corajosos" se aventuravam em descer nadando as correntezas fortes daquele rio.

Normalmente os banhos no ribeirão eram escondidos da minha mãe. Quando não havia condições de secar o calção, eu tomava banho pelado para não molha-lo e a minha mãe não descobrir. Certa vez, eu tirei o calção e deixei em cima da grama, na beirada do poço, e fui para o banho. Quando voltei para pegá-lo não o encontrei. Comecei a procurar e o vi na boca de um boi que o estava mastigando. Tomei o calção da boca do boi e o lavei, porém ele ficou muito rasgado pelas mastigadas do boi. Nesse dia tive que explicar essa história para minha mãe e, consequentemente, o pau comeu.

Depois que foi inaugurada a piscina do Clube XV de Novembro, os meus banhos de rio se tornaram menos frequentes.
Foto: obtida no sítio oficial do município de Miracema

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

INVENTÁRIO DAS FAZENDAS DO VALE DO PARAÍBA FLUMINENSE – 2ª Edição


A 2ª edição do “INVENTÁRIO DAS FAZENDAS DO VALE DO PARAÍBA FLUMINENSE”, muito noticiada por ocasião de seu lançamento, encontra-se disponível na rede.
O trabalho de inventário de oito fazendas de Miracema (Fazenda Boa Vista, Fazenda Cachoeira, Fazenda Liberdade, Fazenda Prosperidade, Fazenda Santa Cruz, Fazenda Santa Inês, Fazenda Santa Justa e Fazenda Serra Nova), no qual foram incluídas lindas fotos ilustrativas das fazendas, realizado pela equipe: Marcelo Salim de Martino (coordenador), Vitor Caveari Lage (levantamento de campo e digitação), Jean Rabelo Ferreira (Auto Cad) e apoio de Lia Márcia de Paula Bruno e Vera Lúcia Gonçalves Mota, pode ser visto por meio dos seguintes endereços eletrônicos:
Fazendas:

Boa Vista

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/20_boa-vista.pdf

Liberdade

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/18_-liberdade.pdf

Prosperidade

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/24_prosperidade.pdf

Cachoeira

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/17_cachoeira_miracema.pdf

Santa Cruz

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/23_santa-cruz.pdf

Santa Inês

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/19_santa-ines.pdf

Santa Justa

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/22_santa-justa.pdf

Serra Nova

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/21_serra-nova.pdf