Em
condições normais, o recomendável é que haja uma cabeça de bovino por hectare.
Mas se houver critérios de preservação da pastagem poderá haver pouco mais de
uma cabeça por hectare.
A
macrorregião onde a cobertura vegetal encontra-se mais devastada no Estado do
Rio é a Noroeste Fluminense. Segundo indicador calculado por estudo da Fiocruz,
que varia de zero a 1 (onde 1 é o ponto máximo de cobertura vegetal), o
indicador do Noroeste ficou em 0,02, enquanto o da macrorregião em penúltimo
lugar (Baixada Litotânea) ficou em 0,29 . Ver postagem sobre os indicadores aqui.
O café trouxe muita riqueza para o Noroeste, mas contribuiu, em muito, para a devastação da cobertura vegetal da região.
O cafeeiro rapidamente esgota o solo sobre o qual se assenta caso não haja o devido manejo. Na medida em que os cafezais diminuíam de rendimento com o passar dos anos, eram abandonados e novas faixas de mata nativa abatidas para implantação de novos cafezais. Humberto Machado observa a cultura extensiva do lado ocidental do vale do Paraíba; no entanto, suas constatações também se aplicam à faixa oriental, o Noroeste Fluminense (TÂNIA DE VASCONCELLOS, 2005):
Ao
fazendeiro não interessava a sua manutenção ou o seu reaproveitamento, enquanto
existissem terras para serem devastadas. A reprodução dessa estrutura agrária
era feita, consequentemente, pela incorporação de mais terras, além da força de
trabalho.
A
disponibilidade de matas virgens e a baixa densidade demográfica da região,
assim como a facilidade para obtenção de mão de obra, dificultavam as melhorias
técnicas. A baixa relação homem-terra influenciou a forma de produção agrícola
desenvolvida no Vale do Paraíba (MACHADO, 1993, p. 47).
Por
muitos anos entre os séculos XIX/XX a produção de café impulsionou o
desenvolvimento da região. A pá de cal nos cafezais do Noroeste foi jogada por
uma ação do Estado que, na década de 1960, através do Instituto Brasileiro do
Café (IBC), patrocinou um grande programa de erradicação de cafezais que eram
considerados esgotados e de baixa produtividade (Mizubuti, 1978). Essa
erradicação se deu mediante indenização atrativa paga aos fazendeiros em
espécie por pé de café erradicado. Pelos termos contratuais o café erradicado
deveria ser substituído por outros cultivos, dentro de uma proposta de
diversificação das lavouras com o objetivo de instituir-se uma agricultura
comercial de mercado interno. Porém, essa diversificação não aconteceu ou
perdurou. Hoje em dia, a lavoura de café na região se restringe basicamente aos
municípios de Varre-Sai, Porciúncula e Bom Jesus do Itabapoana (ver aqui).
1950/70 -
Esse período é coincidente ao de substituição da cafeicultura pela pecuária na
região. A pecuária veio acentuar ainda mais o caráter predatório na relação com
o ambiente, pois, [...]
a
substituição da lavoura do café pela criação de gado não liberou áreas para
reflorestamento ou recomposição da capoeira. Pelo contrário, a pecuária
favoreceu a retirada das últimas reservas” (SECPLAN/CIDE, 1988, p. 24)
Na tabela
I se tenta fazer um exercício para encontrar a área de ocupação de cada
município com a criação de bovinos, embora falte na tabela outras ocupações de
áreas como a do perímetro urbano do município, etc, o que certamente
contribuiria para diminuir a área de pastagem. De acordo com a tabela, a área
destinada a unidade de bovinos na região é de 0,9 hectare, sendo maior em Italva
(1,1 ha).
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