Um Código sem efeito no Rio
Frederico Amorim (produtor rural)O Globo – 26/05/2011
No Estado do Rio, as terras agrícolas estão abandonadas. A mata se recompõe lentamente, a olhos vistos, nos pastos e nas lavouras abandonadas. São poucas as exceções: algumas lavouras de hortaliças, uns poucos sítios ainda tirando um leitinho, uns fazendeiros da cidade que teimam em tocar suas fazendas, mais por gosto do que pelo retorno, em geral negativo.
Terra no Rio não é investimento. Aqui, um alqueire não vale tantas arrobas de boi ou sacas de soja. Pode valer tanto R $2.000 quanto R$20.000. Se você compra, não sabe quando consegue vender. Esta é uma das razões do abandono das nossas terras. Outra é que a agricultura moderna, tecnificada, não é viável no estado. As terras estão cansadas depois de abastecer a capital por quase 500 anos com lenha e carvão; a topografia dominante impede a mecanização, e, principalmente, porque na prática não existe mais mão de obra rural.
Os prefeitos do interior foram os primeiros a incentivar a urbanização, doando casas, facilitando loteamentos ou fechando os olhos às invasões. As prefeituras abandonaram as escolas rurais em troca do transporte escolar das crianças das fazendas onde moram até a cidade, dando força ao abandono do campo. As antigas fazendas, cujo maior tamanho poderia justificar uma escala de produção compatível com as modernas tecnologias, ficaram sem moradores.
Enquanto faltam casas nas cidades, nas grandes fazendas elas se desmancham por falta de moradores. Não temos papeleiras que comprem madeira de reflorestamento, não temos proximidade das fontes de grãos para a criação competitiva de suínos ou suplementação de rebanhos leiteiros. Nossos pastos são inadequados à engorda de gado. Na pecuária, restam poucos produtores de leite. Sobram uns poucos fazendeiros na engorda de gado, assim como famílias dedicadas à produção de hortaliças. Talvez ainda meia dúzia de fazendas de cana na Baixada Campista e uns cafeicultores teimosos (ou muito capitalizados) na serra.
Em vez de criar restrições ainda maiores à agonizante atividade agropecuária no Rio tornando mais restritivo o relatório de Aldo Rebelo, melhor seria incentivar os fazendeiros que não têm como dar valor às suas terras a deixar o mato crescer. Com algum esforço, seria possível selecionar espécies que prescindissem de maiores tratos. Assim, em 20 ou 30 anos, poderíamos ter novamente o Rio coberto pela Mata Atlântica que tanta falta faz. As terras recobertas por florestas poderiam, através da comercialização de direitos ambientais, voltar a ter valor de mercado. Melhor do que deixar pastos e lavouras tomados por cupins e pragas. Para os que teimam em produzir alguma coisa, boa sorte. Para esses sobreviventes, o relatório do Aldo seria um mal menor.
Terra no Rio não é investimento. Aqui, um alqueire não vale tantas arrobas de boi ou sacas de soja. Pode valer tanto R $2.000 quanto R$20.000. Se você compra, não sabe quando consegue vender. Esta é uma das razões do abandono das nossas terras. Outra é que a agricultura moderna, tecnificada, não é viável no estado. As terras estão cansadas depois de abastecer a capital por quase 500 anos com lenha e carvão; a topografia dominante impede a mecanização, e, principalmente, porque na prática não existe mais mão de obra rural.
Os prefeitos do interior foram os primeiros a incentivar a urbanização, doando casas, facilitando loteamentos ou fechando os olhos às invasões. As prefeituras abandonaram as escolas rurais em troca do transporte escolar das crianças das fazendas onde moram até a cidade, dando força ao abandono do campo. As antigas fazendas, cujo maior tamanho poderia justificar uma escala de produção compatível com as modernas tecnologias, ficaram sem moradores.
Enquanto faltam casas nas cidades, nas grandes fazendas elas se desmancham por falta de moradores. Não temos papeleiras que comprem madeira de reflorestamento, não temos proximidade das fontes de grãos para a criação competitiva de suínos ou suplementação de rebanhos leiteiros. Nossos pastos são inadequados à engorda de gado. Na pecuária, restam poucos produtores de leite. Sobram uns poucos fazendeiros na engorda de gado, assim como famílias dedicadas à produção de hortaliças. Talvez ainda meia dúzia de fazendas de cana na Baixada Campista e uns cafeicultores teimosos (ou muito capitalizados) na serra.
Em vez de criar restrições ainda maiores à agonizante atividade agropecuária no Rio tornando mais restritivo o relatório de Aldo Rebelo, melhor seria incentivar os fazendeiros que não têm como dar valor às suas terras a deixar o mato crescer. Com algum esforço, seria possível selecionar espécies que prescindissem de maiores tratos. Assim, em 20 ou 30 anos, poderíamos ter novamente o Rio coberto pela Mata Atlântica que tanta falta faz. As terras recobertas por florestas poderiam, através da comercialização de direitos ambientais, voltar a ter valor de mercado. Melhor do que deixar pastos e lavouras tomados por cupins e pragas. Para os que teimam em produzir alguma coisa, boa sorte. Para esses sobreviventes, o relatório do Aldo seria um mal menor.
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