quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Indicador aponta para avanço de 8% no comércio este ano
Crescimento é menor do que os 10,3% de 2010, mesmo assim, segundo a Serasa, ""é saudável e não cria risco de uma bolha""

Aumento das taxas de juros, promessas do governo Dilma Rousseff de uma política fiscal mais austera e as medidas de aperto ao crédito adotadas pelo Banco Central em dezembro vão inibir o consumo este ano. Em 2010, o comércio cresceu 10,3%, bem acima dos 5,8% registrados no ano anterior, segundo o Indicador Serasa Experian. Para 2011, a previsão é de crescimento de 8%.

A desaceleração será resultado da menor disponibilidade de crédito, principal ferramenta que alavancou vendas de móveis, eletroeletrônicos, informática, veículos, motos e peças no ano passado. "São segmentos do varejo em que o crédito tem papel importante", diz o gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi. "Eles vão continuar crescendo, mas em velocidade menor."

Os bancos estimam para este ano crescimento de 17% no crédito para as pessoas físicas. No ano passado, até novembro (último dado disponível), o aumento estava em 20%. Além do freio ao crediário, Rabi ressalta que o elevado endividamento dos consumidores também colabora com a redução do espaço para crescimento do consumo.

Segundo ele, embora inferior ao índice de 2010, o aumento de 8% previsto para este ano "é saudável, compatível do ponto de vista inflacionário e não cria riscos de uma bolha".

Para o professor do Centro de Excelência em Varejo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Maurício Morgado, o varejo continuará crescendo por causa do avanço da classe D (renda familiar mensal entre R$ 700 e R$ 1,5 mil) que "começa a ganhar poder aquisitivo e a entrar com mais força no mercado".

Na opinião de Morgado, os setores que devem crescer em 2011 são os de eletrodomésticos, celulares, alimentos, automóveis, medicamentos e produtos de beleza e higiene pessoal.

Pelos dados da Serasa, o segmento que mais cresceu em 2010 foi o da construção civil (17%). Na sequência, aparecem móveis, eletroeletrônicos e informática (14,9%), carros, motos e peças (10,9%), tecidos, vestuário, calçados e acessórios (8,2%) e supermercados, alimentos e bebidas (6%). O único a destoar foi o de combustíveis e lubrificantes, com queda de 0,4%.

Para Morgado, o crescimento da renda foi um dos motivos que desencadeou a alta no setor varejista, junto com a redução do desemprego e o crédito farto.

As informações são de O Estado de S. Paulo – repórter Cleide Silva

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