domingo, 14 de julho de 2019

Surucucu, Lachesis muta, hoje (14/07) na Serra da Ventania, em Miracema (RJ)

Surucucu já morta encontrada na Serra da Ventania, em Miracema 

Encontrei-a morta, era um filhote de uns 80cm. Relato do agricultor que a matou: retirei do solo uma muda de bananeira de um bananal que cultivo aqui perto, transportei no carro e plantei aqui. Quando estava agachado apertando a terra no entorno da muda, levantei o olhar e vi a cobra com a cabeça levantada na ponta da folha me observando. Ela esteve este tempo todo dentro da folha. Imagina você se me levanto sem olhar pra cima, certamente iria esbarrar na folha e ser picado.

Tentei explicar que a surucucu encontra-se muito ameaçada de extinção, e, se possível, seria muito bom para a espécie se capturada viva e solta na mata em local distante do convívio do agricultor e família. Mas, acho que ele não deu muito ouvido não, pois nem respondeu. Acho que mudar a cultura de matar serpente por pessoas que vivem perto delas é muito difícil. Também entendo do risco que estas pessoas correm se forem picadas por uma cobra altamente venenosa desta, morando distante de um hospital que possa socorrê-las. Nem sei se no hospital de Miracema tem soro antiofídico para picada de surucucu, visto a raridade de se encontrar uma por aqui. 

As surucucus caso piquem algum ser humano não oferecem muitas chances ao mesmo de vida, já que possui um veneno altamente destruidor das células do corpo. E o filhote é tão venenoso quanto o adulto e ainda tem o agravante de não ter desenvolvido o dosador de injeção de veneno.

Eu é que não entro mais no bananal que referiu o agricultor em busca de saíras para fotografar, como acostumava fazer, pois a surucucu procria mais de 20 filhotes.

Um comentário:

Hélcio Granato Menezes disse...

Especialistas do grupo no Facebook 'Fotonaturalistas - Répteis e Anfíbios' afirmaram tratar-se de uma dorme-dorme, Imantdes cenchoa, que tem dentição opistóglifa (peçonhenta), porém a consideram inofensiva. Houve alguma dúvida entre a serpente-olho-de-gato-anelada, leptodeira annulata, e a dorme-dorme, mas predominou se tratar desta.
Obs.: a camuflagem da surucucu é muito parecida com a da dorme-dorme. Daí surgiu a confusão na identificação inicial da cobra.