terça-feira, 3 de agosto de 2010

Classe D supera a B em potencial de consumo

A classe D brasileira, formada por famílias com rendimento mensal entre um e três salários mínimos, pela primeira vez, em 2010, ultrapassa o potencial de consumo da classe B. É o que mostra a pesquisa do Instituto Data Popular

Famílias brasileiras como a do cearense Antônio Marcos Firmino, com renda mensal entre R$ 511 e R$ 1.530, têm para gastar com produtos e serviços R$ 381,2 bilhões ou 28% do total de rendimentos de R$ 1,38 trilhão. Esse potencial de consumo supera, pela primeira vez em 2010, o da classe B, que tem renda entre R$ 5.101 e R$ 10.200, e vai ter R$ 329,5 bilhões (24%). É o que mostra estudo realizado pelo instituto de pesquisas Data Popular. A combinação de poder de compra com carência de produtos – 49,5%, por exemplo, não possuem geladeira – faz com que a renda se transforme rapidamente em consumo.

De acordo com a pesquisa, a classe D passa a ocupar o segundo lugar nos estratos sociais em termos de consumo. O maior potencial de compras, no entanto, continua no bolso da chamada nova classe média, a classe C: R$ 427,6 bilhões. No total, a massa de renda para o Brasil resultará num volume de R$ 1,38 trilhão, valor projetado para 2010 a partir de uma estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 7% em relação a 2009.

A classe D ultrapassou ou alcançou a classe B em cinco das oito principais categorias de consumo interno pesquisadas: alimentação dentro do lar (23,4% contra 15,5%), vestuário e assessórios (17,2% contra 16,9%), móveis eletrodomésticos e eletrônicos para o lar (18,7% contra 17,6%), medicamentos (19,3% contra 19,1%) e higiene, cuidados pessoais e limpeza do lar (empate de 18,6%).

O sócio diretor do Data Popular, consultor Renato Meirelles, lembra que essa mudança é reflexo tanto do aumento dos rendimentos da população de baixa renda como da baixa posse de bens nessa faixa social. Explica que enquanto para a classe B a maior parte do gastos é representa a reposição de produtos, para a classe D é o passaporte de entrada no universo do consumo. "Graças a esse novo cenário, o Brasil terá em 2010 o primeiro ano da melhor década de sua história. Os números, ao menos, apontam para isso", comenta.

O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sérgio Mendonça, avalia que uma junção de fatores contribui para esse desempenho. Entre eles destaca a valorização do salário mínimo que de abril de 2003 até janeiro de 2010 valorizou 53,7%, a geração de empregos formais e o maior acesso acesso ao crédito.

SAIBA MAIS
De acordo com a pesquisa da Data Popular, que realizou cinco mil entrevistas em todo o Brasil no segundo semestre do ano passado, 11,6 milhões de famílias pretendem comprar ou trocar de geladeira em 2010 (22,6% do total de famílias)

Essa intenção de compras por classes tem a seguinte divisão:

AB – 12,5%

C – 52,7%

DE – 34,8%

A compra ou troca do computador em 2010 está na intenção de 20 milhões de famílias ou 38% do total de famílias. Entre as classes essa intenção é de 13,8% para as classes AB, 57,6% para a C e 28,6% para as classes DE

A compra da máquina de lavar também está no sonho de consumo de muita gente. A pesquisa identificou que 10,9 milhões de famílias pretendem comprar ou trocar a lava-roupas em este ano, o que representa 21,2% do total de famílias

A distribuição da intenção de compras por classes é a seguinte:

AB – 9,7%

C – 51,5%

DE – 38,8%

FONTE: Data Popular. O Data Popular é um instituto de pesquisas e consultoria que atua na produção de conhecimento sobre o consumidor emergente no Brasil, foi criado em 2001.

As informações são do O POVO Online.

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