domingo, 2 de janeiro de 2022

Aspectos econômicos e financeiros a respeito do pretenso aterro em Miracema

A construção e operação de aterro sanitário não foge à regra de economia de escala, ou seja, quanto maior, menor seria seus custos por tonelada de lixo. O aterro que se pretende construir em Miracema para atender a região (200 toneladas por dia) está entre os portes micro e pequeno, portanto de custo mais elevado.

Baseado em pesquisa realizada pela Fipe em 2017 elaboramos as duas tabelas abaixo para dar uma noção dos custos milionários envolvidos na construção e operação de um aterro sanitário de porte para receber diariamente 200 toneladas de lixo, o que viria a ser o porte do pretenso aterro em Miracema, visto que o Noroeste Fluminense produz 5.687,7 toneladas mensais, conforme estimativa da Secretaria do Estado do Meio Ambienta e Sustentabilidade - SEAS, para 2018. 

Conforme a Tabela I, o custo total do aterro de Miracema seria em torno de R$ 223.686.742,00, a ser distribuído ao longo de 40 anos. Não incluídos o lucro do empresário, que acreditamos que deva girar em torno de 10%.

Como podemos ver na Tabela I, um aterro sanitário tem vida útil até os 20 anos de existência, ou seja, somente pode receber lixo dentro deste período. A partir do 20º ano ele tem de ser fechado e inicia-se a fase de pós-fechamento que requer investimentos que representam 29,85% (linhas "d" e "e" da tabela) do total de investimento, ou seja, cerca de R$ 66.764.620,00, que terão que ser investidos até o 40º ano de existência.


Baseado nos custos descritos na Tabela I e na estimativa de produção de lixo da região feita pela SEAS, elaboramos a Tabela II para projetar o quanto tal vultoso investimento representaria para cada município da região. Partindo da premissa que um aterro somente tem receitas provenientes de recebimento de lixo, projetamos a repartição do investimento total do aterro em Miracema, acrescido de 10% como lucro do empresário a construir e operar o aterro (não corrigimos pela inflação de 2017 para cá), para cada município como pagamento mensal por enviar o lixo para o aterro. Esta projeção foi feita para ser paga pelo município ao empresário durante o tempo que o aterro estiver recebendo lixo, ou seja até os 20 anos. Seria um pagamento antecipado das despesas que decorrerão no período pós-fechamento, ou seja do 21º ao 40º ano.

Portanto, não sabemos quais garantias que o empresário vai dar para o município de Miracema que irá efetuar todos os investimento para o período pós-fechamento (29,85% do total do investimento).

Certamente, quando o pretenso aterro completar 17 anos, ou mesmo antes disso, vão estar providenciando novo aterro a ser construído no município porque o empresário não vai desejar cessar sua fonte de receitas, assim como os municípios da região vão necessitar de novo aterro para continuar depositando seus lixos. Isso seria um ciclo vicioso que vai proporcionar a longo prazo uma infestação de aterros desativados no município.

Outro ponto é saber se o municípios da região estarão dispostos a arcar com custos tão altos para utilizarem o aterro. Vale lembrar que quanto menos municípios participarem, menor será o porte do aterro e mais elevado vão ser os custos. O projeto corre risco de ser descontinuado antes do prazo se houver desistências durante o processo e faltar recursos financeiros para completar o ciclo de investimentos necessários e nosso município ficar com a responsabilidade de atenuar o problema ambiental que decorrerá desse possível problema. 


ASPECTOS TÉCNICOS / ECONÔMICOS-FINANCEIROS DA IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO, OPERAÇÃO E ENCERRAMENTO DE ATERROS SANITÁRIOS - Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), do Estado de São Paulo, cujo link disponibilizamos aqui .

4 comentários:

Anônimo disse...

Pelo menos dá pra ter uma noção de que seria economicamente inviável cada município construir seu próprio aterro, como sugerido por alguns "ambientalistas". A ironia está nos partidos de esquerda contrários ao aterro. Um foi o que construiu a UTIL em um bairro populoso e atrás do hospital (PV). O outro (PT) ignora que a Lei Nacional que defende os aterros foi feita pelo Luladrão. Por fim, o PSOL, que vive contra os empresários mas não tem planos pra diminuir o desemprego na cidade e no país.

Hélcio Granato Menezes disse...

Em 1º lugar é bom deixar claro que o PV não é de esquerda, mas de centro-esquerda. Depois, os ambientalistas são contra aterros sanitários, portanto, defenderam que cada município cuidasse de seu lixo e não de aterro sanitário. Sobre a UTIL, um erro não justifica o outro e que sirva de lição. O problema da maioria dos políticos de Miracema é não aprenderem com os erros. O erro do aterro sanitário seria catastrófico porque seria em escala muito maior que o da UTIL. Assim como achavam que a UTIL era solução na época tb acharam que aterro sanitário seria, portanto, não sei se o Lula hoje sancionaria tal lei. Sobre empregos, o pretenso aterro sanitário em Miracema geraria apenas 17 empregos (10 diretos e 7 indiretos), o que vem a ser muito pouco tendo em vista os malefícios a serem causados ao meio ambiente e à população de Miracema. Mostre a cara, não precisa se esconder no anonimato pra criticar, não. Vivemos em uma democracia e todo cidadão tem o direito de se expressar.

Marith Eiras Scot disse...

Acredito que haja um equívoco sobre esse comentário. A Lei Nacional de Resíduos sólidos é de 2010 e a antiga UTIL foi idealizada muito antes dessa lei. Como proposta inovadora nesse espaço já se separava o ixo, utilizava os orgânicos (70%) dos resíduos para compostagem e uma pequena parcela era enterrada. Claro que sem a devida tecnologia de impermeabizacao do.solo, pois nessa época não se falava nisso. Só havia antigos lixões a céu aberto. Miracema foi destaque no RJ por tratar o lixo de forma adequada na época. Era exemplo no Estado. As tecnologias avançam e hoje o aterro não é lá uma grande opção tecnológica primária, pois os que estão instalados ocasionam problemas ambientais seríssimos como exemplo o CTR Madalena onde Miracema deposita seus residuos que já esteve interditadompelo INEA. Foi resultado de diminuição dos índices de ICMS ecológico, pois o Município não destinou corretamente os resíduos enterrando na antiga UTIl. Parece que a UTIL ainda é Útil. Não vejo nenhum aterro sanitário que não tenha dado problemas de contaminação e relacionado com problemas ambientais. Existem outras tecnologias que já foram apresentadas ao poder público municipal que atende somente nossa cidade e de custo menor, ecologicamente viável, autosuficiente. Aumenta a matriz energética para produção de energia, emprego, renda, ISS para o município. Parece que só vislumbram o aterro sanitário como a única alternativa. Tanto que os terrenos (propriedades) comprados para tal finalidade foi ou é do gestor municipal. Não sabemos se o interesse privado está acima do público. Acredito que exista muito mais coisas sobre esse pretenso aterro do que simplesmente taxar ideologias políticas sobre partidos A ou B. Nao pertenço a nenhum desses partidos. A minha visão é ética sobre a questão. Vejo que está faltando ética nessa discussão desse pretendo aterro e há muita coisa debaixo disso que parece podridão. Os estudos e a informações podem ajudar a não caracterizar A ou B e sim trazer um diálogo que esteja comungando com a ética e a moral.
É preciso criticidade para trazer um diálogo e resolução do problema. Buscar solução e respostas. Enquanto digladiamos sobre posição partidária há outros enrriquecendo sob os olhos fechados da sociedade. Vamos acordar para real luta contra esse crime ambiental que está para ser uma realidade. Vamos juntar as mãos. Discutir não denegrir.

Angeline disse...

Hélcio, comentário anônimo é lixo irrecuperável! Se comenta anônimo é porque está acostumado a viver c coronezinho perseguidor....

Bem respondido por vcs...