Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Edição: Helena Martins
O sistema de cotas em
universidades e os programas sociais melhoraram a vida da população
negra no Brasil, mas ainda há muito o que fazer até que a sociedade seja
igualitária. A avaliação é do diretor do Centro de Informação da
Organização das Nações Unidas (ONU), Giancarlo Summa, que participou da
inauguração da exposição Forever Free – Livres para Sempre, hoje (14), no Museu da Justiça do Rio de Janeiro.
“Os
indicadores estão vagarosamente melhorando, mas ainda há muito a ser
feito. É importante que haja um consenso na sociedade brasileira sobre a
importância de ter políticas ativas para diminuir o peso desse
passado”, disse. Summa destacou a necessidade de políticas que garantam
maior acesso dessa população ao mercado de trabalho.
O diretor da
ONU afirmou que os programas de transferência de renda e a melhoria dos
níveis de escolaridade provocaram impacto. “Como eles representam uma
parcela muito grande do estágio mais baixo da pirâmide social, tudo que
foi feito acabou tendo um impacto bom para os negros. Aumentou a
escolaridade e o analfabetismo, entre os mais jovens, foi praticamente
eliminado no país. Isso fez com que, pela primeira vez, a faixa dos
jovens da população afrodescendente esteja escolarizada no Brasil”,
analisou, pontuando que há “uma dívida com os mais velhos”.
A exposição Forever Free – Livres para Sempre
trata da história do tráfico de escravos no mundo e apresenta
documentos históricos, como processos em que ex-escravos pedem a
reparação de seus antigos donos; documentos referentes à libertação de
escravos no Brasil, entre 1838 e 1886; e objetos do século XIX
pertencentes ao Museu do Negro, da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário
e São Benedito dos Homens Pretos.
Durante a abertura da
exposição, Giancarlo Summa citou que o tráfego transatlântico de
escravos foi um dos grandes crimes cometidos contra a humanidade, cujas
consequências são sentidas ainda hoje. “A população afrodescendente, não
só nas Américas, sofre de preconceitos e condições de vida piores, com
discriminação, racismo e violência”, disse.
Uma parceria da ONU
com o Museu da Justiça, órgão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro,
a mostra, gratuita, faz parte das atividades de lançamento, pelas
Nações Unidas, da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), e
poderá ser visitada até dezembro.
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