A
atriz Maria Salvadora, que atualmente faz o papel de Margarida, a mãe de Cleiton
(Fabrício Boliveira), na minissérie Suburbia da Rede Globo de Televisão, é
miracemense.
A
personagem interpretada por Maria Salvadora em Suburbia é uma mulher doente, depressiva,
abandonada pelo marido e teve o filho mais velho assassinado por engano. Assim,
afoga as mágoas na bebida.
Maria Salvadora por ela mesma
Minha
mãe teve cinco filhos, sendo que quatro homens, e eu sou a única menina. Nasci
16 anos depois, então eu sou temporão; super paparicada. Sou de Miracema no
Noroeste Fluminense e quando eu fiz cinco anos de idade minha mãe veio para o
Rio de Janeiro, só comigo e com meus irmãos, e aqui eu deslanchei minha vida.
Minha mãe é aquela pessoa que se chama de “mão de fada”, que cuidava de uma
fazenda, cozinhava super bem, sabia fazer sabão, manteiga; muito afetuosa,
muito carinhosa, mãezona… Eu não herdei esse dom, sério! Depois ela resolveu
vir pro Rio de Janeiro pra ter uma nova chance.
Meu
pai, pelo que minha mãe contou, era músico, daí essa coisa minha de gostar de
cantar: Tem uma coisa musical grande dentro de mim. Sou aquela pessoa que se
você me cutuca eu já acordo cantando. Já está no meu DNA. E meus irmãos tocavam
violão, então eu sou uma criança que consegue cantar as músicas antigas da
época áurea. E eu era coisa fofa, uma pitoca dentro de casa. Aquele bando de
grandalhões que eram os meus irmãos, com uma diferença de 16 anos… Me
protegeram muito. Fui criada como uma princesa, num mundo cor de rosa, cresci
muito segura. Eu fazia questão de estar sempre bonita, bem. Mesmo pequenininha
eu era vaidosa demais.
A
nossa geração e a nossa raça traz muita coisa da África. Eu sei que meu avô foi
curandeiro; a minha avó era índia, aquele cruzamento. Eu sei que a minha mãe
tinha um conhecimento de Umbanda e depois ela meio que me encaminhou pela linha
católica. E a minha mãe colocou na minha vida o seguinte: se você estudar você
chega em algum lugar. Então eu tinha que estudar pra ser diferente de todo
aquele universo ao meu redor. Mas eu tirava acima de nove no ano inteiro, e
dois em comportamento, porque eu era um azougue. Qualquer tipo de ilê, bagunça,
farra, eu estava envolvida.
Eu
fiz Dança Contemporânea, fiz Ginástica Rítmica e quando eu saí da ginástica fui
fazer Balé Clássico. Eu queria ser bailarina, só que a vida da bailarina é
curta. Aí fui estudar canto, e depois falei que eu queria ser atriz. Por isso
que eu falo que eu sou atriz, cantora e bailarina. Consegui unir essas três
artes, que é o que me facilita.
Estrei
em 83 num musical chamado “Vargas”, e tive a oportunidade de trabalhar com um
grande ator cômico que é o Grande Otelo Eu estreei com Paulo Gracindo, Grande
Otelo, Isabel Ribeiro, Milton Gonçalves! E eu era uma guria de 13 anos.
Trabalhei na Ópera “Aida”; fiz a Ópera “Porgy and Bess”, no Teatro Municipal… E
teve uma época na minha vida que eu era ginasta, e convivia com um universo de
búlgaras, húngaras, não sei que, e eu queria chamar “Radovalas Maria” que seria
Salvadora de traz pra frente, pra eu me considerar uma russa. Aí veio aquele
mulatão e disse: “Não pode, Maria Salvadora!” Você tem que aceitar seu nome de
Maria Salvadora. Hoje em dia eu amo meu nome. Salvadora é um nome forte,
bonito. Eu engrenei pela parte da ginástica, competi como ginasta nessa fase de
15 pra 16 anos, porque como eu sempre tive muita flexibilidade… Depois virei
árbitro nacional, selecionava as atletas para Olimpíadas.
Tinha
uma época que Lupe Gigliotti tinha um grupo de teatro, e fazia peças infantis
em aniversários. Eu comecei a trabalhar com peça infantil, depois fui fazer a
CAL, me formei e deslanchei na minha carreira. O primeiro Teatro que eu fiz
legal foi com o Moacyr Goés, “Baal”. Fiz “Fausto”, “A Serpente”; “Fedra”, “Balé
Carmem”… Cada ano eu tava com um diretor, porque com essa coisa de eu cantar,
dançar e interpretar fica fácil de me pegarem! Eu sempre falei que eu queria
ser a Marília Pêra negra. Canta, dança e interpreta!: Botei isso na minha
cabeça e corri atrás desse resultado.
Na
TV trabalhei no seriado “Mulher”, fiz participações em “A Favorita”; “Maysa”, e
agora que eu tô voltando com essa minissérie que pra mim é tudo! É fantástica
essa personagem, Margarida, tô apaixonada! Na casa dela tem Tim Maia, James
Brown… Uau! Com esse universo musical que eu tinha na minha infância. E a
Margarida criou seu filho com todo amor porque o marido a abandonou com esse
filho no ventre. E se o filho estava sorrindo, ela estava sorrindo; se ele não
estava em casa, ela ficava em casa, prostrada, janela fechada. Ela é uma mulher
muito densa!
Com informações do Blog Rádio Itaperuna, que por sua vez utilizou informações da TV Globo