Catástrofe deixa mais de 250 mortos na serra do Rio
As chuvas que atingiram a região serrana do Rio de Janeiro na madrugada de quarta-feira deixaram pelo menos 257 mortos até às 20h de ontem, em uma das maiores catástrofes recentes do país. As cidades mais atingidas foram Teresópolis, com 114 mortes, e Nova Friburgo, com 107, incluindo três bombeiros. Petrópolis registrou outros 18 óbitos, principalmente no distrito de Itaipava.
O cenário nas cidades da região, famosas como destino turístico, era de guerra. Em Nova Friburgo, todo o centro da cidade ficou debaixo d"água e todos os 94 mil clientes da distribuidora Energisa ficaram sem luz durante pelo menos 13 horas.
Em Teresópolis não foi diferente. Queda de barreiras nas estradas, inundações e deslizamentos de encostas provocaram a morte de pelo menos 114 pessoas, deixaram 2 mil desabrigados e até 75 mil consumidores ficaram sem luz depois que a enxurrada derrubou a linha de transmissão da distribuidora Ampla que abastece a cidade. No início da noite, 23 mil clientes ainda estavam sem energia.
Bombeiros, concessionárias de serviços públicos e cidadãos que tentavam ajudar no resgate de feridos encontravam dificuldades para chegar aos locais de desabamentos. O número de mortos na tragédia podia aumentar justamente por essa dificuldade de acesso a vários locais atingidos por deslizamentos e inundações. Para ajudar no deslocamento de equipamentos e pessoal, o Ministério da Defesa autorizou a Marinha a atender o pedido de auxílio feito pelo governo estadual. A Marinha aceitou ceder dos helicópteros para auxiliar o transporte de equipamentos e pessoal da Defesa Civil para as áreas atingidas.
A região mais afetada de Petrópolis foi o Vale do Cuiabá, área que recebe enxurradas sempre que chove forte na serra de Teresópolis, por meio da estrada que liga as duas cidades. É nesse vale onde estão as casas de veraneio da família Gouvêa Vieira, entre elas a do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.
A família alugava uma casa que foi completamente destruída pelas águas das encostas. Morreu o ex-executivo do mercado segurador Armando Erick de Carvalho, sua mulher Kitty, e a filha, a estilista Daniela Conolly, com o marido e o filho e a babá da criança. Também morreram os três sobrinhos de Daniela, filhos do irmão da estilista, o economista Erick Conolly, diretor da Icatu holding. Sobreviveram apenas três pessoas, a mulher, o sogro e a filha mais velha de Erick.
Em Nova Friburgo, foi registrado, das 9 horas de terça-feira até as 9 horas de ontem, um índice pluviométrico de 182,8 mm - o índice esperado para janeiro inteiro era de 199 mm. Desde o começo do ano, as chuvas acumuladas na cidade são de 366,8 mm, 84% a mais do que a média do mês. Em Teresópolis, o volume de chuva registrado nas mesmas 24 horas chegou a 124,6 mm. Com isso, as chuvas acumuladas no mês chegaram a 219 mm - o esperado para todo o período era entre 140 e 200 mm.
Entre as concessionárias de serviços públicos nas três cidades, o maior problema foi mesmo o corte do fornecimento de energia. Ampla e Energisa não deram prazo para o restabelecimento da energia em Teresópolis e Nova Friburgo, respectivamente. A Ampla desligou no fim da tarde 14 mil clientes em Areal, depois que a subestação foi inundada. A companhia ressaltou, além da queda da linha de transmissão e da inundação da subestação, que 26 postes foram soterrados por um deslizamento de terra ocorrido em um trecho de dois quilômetros na estrada que liga Teresópolis a Nova Friburgo.
Já a Energisa foi obrigada a cortar toda a energia de Nova Friburgo e Sumidouro depois que três subestações foram inundadas. No início da noite, a previsão do diretor presidente da companhia, Gabriel Alves Pereira Junior, era de que apenas 10% dos consumidores do Nova Friburgo tivessem a energia religada ainda ontem, enquanto Sumidouro, com 5 mil clientes, estaria com o fornecimento restabelecido hoje. Ele não deu previsão para a volta do fornecimento a todos os clientes de Nova Friburgo.
As empresas de telefonia também tiveram problemas com a chuva. Nova Friburgo ficou praticamente sem contato com o exterior durante todo o dia, dependendo apenas de alguns telefones fixos que eventualmente funcionavam e de rádios amadores.
A presidente Dilma Rousseff vai sobrevoar hoje a área atingida pelas chuvas. Desde ontem o governador Sergio Cabral mantém contato com o governo federal e o Ministério do Planejamento anunciou que serão liberados R$ 700 milhões para ajudar os Estados atingidos por chuvas, principalmente o Rio de Janeiro. Ontem, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, sobrevoou a região, acompanhado do secretário de Estado da Casa Civil, Regis Fichtner, e do subsecretário executivo de Obras, Hudson Braga.
Os moradores e os governantes têm motivos para se preocupar, já que as chuvas devem continuar atingindo a região até sábado. "Existe naturalmente um corredor de baixa pressão atmosférica vindo de Minas Gerais e que favorece a intensificação das chuvas na região serrana do Rio, na divisa com Minas. Uma frente fria vinda do sudeste, que já atua em Minas, Goiás e São Paulo é a que agora está no Rio", explicou Marlene Leal, meteorologista do Inmet. (Com agências noticiosas; colaborou Heloisa Magalhães, do Rio)
Valor Econômico – repórteres Rafael Rosas e Juliana Ennes
O cenário nas cidades da região, famosas como destino turístico, era de guerra. Em Nova Friburgo, todo o centro da cidade ficou debaixo d"água e todos os 94 mil clientes da distribuidora Energisa ficaram sem luz durante pelo menos 13 horas.
Em Teresópolis não foi diferente. Queda de barreiras nas estradas, inundações e deslizamentos de encostas provocaram a morte de pelo menos 114 pessoas, deixaram 2 mil desabrigados e até 75 mil consumidores ficaram sem luz depois que a enxurrada derrubou a linha de transmissão da distribuidora Ampla que abastece a cidade. No início da noite, 23 mil clientes ainda estavam sem energia.
Bombeiros, concessionárias de serviços públicos e cidadãos que tentavam ajudar no resgate de feridos encontravam dificuldades para chegar aos locais de desabamentos. O número de mortos na tragédia podia aumentar justamente por essa dificuldade de acesso a vários locais atingidos por deslizamentos e inundações. Para ajudar no deslocamento de equipamentos e pessoal, o Ministério da Defesa autorizou a Marinha a atender o pedido de auxílio feito pelo governo estadual. A Marinha aceitou ceder dos helicópteros para auxiliar o transporte de equipamentos e pessoal da Defesa Civil para as áreas atingidas.
A região mais afetada de Petrópolis foi o Vale do Cuiabá, área que recebe enxurradas sempre que chove forte na serra de Teresópolis, por meio da estrada que liga as duas cidades. É nesse vale onde estão as casas de veraneio da família Gouvêa Vieira, entre elas a do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.
A família alugava uma casa que foi completamente destruída pelas águas das encostas. Morreu o ex-executivo do mercado segurador Armando Erick de Carvalho, sua mulher Kitty, e a filha, a estilista Daniela Conolly, com o marido e o filho e a babá da criança. Também morreram os três sobrinhos de Daniela, filhos do irmão da estilista, o economista Erick Conolly, diretor da Icatu holding. Sobreviveram apenas três pessoas, a mulher, o sogro e a filha mais velha de Erick.
Em Nova Friburgo, foi registrado, das 9 horas de terça-feira até as 9 horas de ontem, um índice pluviométrico de 182,8 mm - o índice esperado para janeiro inteiro era de 199 mm. Desde o começo do ano, as chuvas acumuladas na cidade são de 366,8 mm, 84% a mais do que a média do mês. Em Teresópolis, o volume de chuva registrado nas mesmas 24 horas chegou a 124,6 mm. Com isso, as chuvas acumuladas no mês chegaram a 219 mm - o esperado para todo o período era entre 140 e 200 mm.
Entre as concessionárias de serviços públicos nas três cidades, o maior problema foi mesmo o corte do fornecimento de energia. Ampla e Energisa não deram prazo para o restabelecimento da energia em Teresópolis e Nova Friburgo, respectivamente. A Ampla desligou no fim da tarde 14 mil clientes em Areal, depois que a subestação foi inundada. A companhia ressaltou, além da queda da linha de transmissão e da inundação da subestação, que 26 postes foram soterrados por um deslizamento de terra ocorrido em um trecho de dois quilômetros na estrada que liga Teresópolis a Nova Friburgo.
Já a Energisa foi obrigada a cortar toda a energia de Nova Friburgo e Sumidouro depois que três subestações foram inundadas. No início da noite, a previsão do diretor presidente da companhia, Gabriel Alves Pereira Junior, era de que apenas 10% dos consumidores do Nova Friburgo tivessem a energia religada ainda ontem, enquanto Sumidouro, com 5 mil clientes, estaria com o fornecimento restabelecido hoje. Ele não deu previsão para a volta do fornecimento a todos os clientes de Nova Friburgo.
As empresas de telefonia também tiveram problemas com a chuva. Nova Friburgo ficou praticamente sem contato com o exterior durante todo o dia, dependendo apenas de alguns telefones fixos que eventualmente funcionavam e de rádios amadores.
A presidente Dilma Rousseff vai sobrevoar hoje a área atingida pelas chuvas. Desde ontem o governador Sergio Cabral mantém contato com o governo federal e o Ministério do Planejamento anunciou que serão liberados R$ 700 milhões para ajudar os Estados atingidos por chuvas, principalmente o Rio de Janeiro. Ontem, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, sobrevoou a região, acompanhado do secretário de Estado da Casa Civil, Regis Fichtner, e do subsecretário executivo de Obras, Hudson Braga.
Os moradores e os governantes têm motivos para se preocupar, já que as chuvas devem continuar atingindo a região até sábado. "Existe naturalmente um corredor de baixa pressão atmosférica vindo de Minas Gerais e que favorece a intensificação das chuvas na região serrana do Rio, na divisa com Minas. Uma frente fria vinda do sudeste, que já atua em Minas, Goiás e São Paulo é a que agora está no Rio", explicou Marlene Leal, meteorologista do Inmet. (Com agências noticiosas; colaborou Heloisa Magalhães, do Rio)
Valor Econômico – repórteres Rafael Rosas e Juliana Ennes
Amigo Hélcio
ResponderExcluirPrevisível tecnicamente como todas as catástrofes anteriores e futuras.
Puro descaso das autoridades máximas federais, estaduais e municipais.
Para embolsar os dinheiros públicos não lhes faltam capacidade como demonstram as maiores autoridades dos três poderes desta demoralizada república.
Cada município já deveria dispor, pelo menos, de um mapeamento dos riscos destas catástrofes em seu território e planos de emergência para atende-las, inclusive preventivamente.
Para isto carecem de bons estudos hidrológicos com estatísticas de, pelo menos, 100 anos, bem como de estudos geotécnicos, que demandam equipes capacitadas e recursos financeiros, mas não dão voto. Sem isto é mera pirotecnia. Diz-se que o Rio de Janeiro vem de concluir o seu mapeamento.
Abraços, saúde, Deus, paz e amor.
Luiz Carlos/MPmemória