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sábado, 11 de setembro de 2010

Classe C é mais da metade da população, diz FGV
Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, a Classe C (a nova classe média) é formada por pessoas com renda familiar per capita entre R$ 1.126 a R$ 4.854, e soma mais de 94 milhões de pessoas

Desde o ano passado a chamada nova classe média representa mais da metade da população brasileira, enquanto o número de pessoas nas classes de mais baixa renda vem caindo. De acordo com o relatório A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres, divulgado nesta sexta-feira (10) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o processo de emergência da classe média no Brasil foi motivado pela redução da desigualdade, mesmo durante a crise financeira mundial.

Segundo Marcelo Néri, coordenador da pesquisa, a classe C (renda familiar per capita entre R$ 1.126 a R$ 4.854) se “defendeu melhor” durante a crise. De acordo com o levantamento, quase 30 milhões de brasileiros passaram a ingressar a classe C (definida como nova classe média pela FGV) em 2009. A pesquisa mostra que esta parcela da população foi a que mais cresceu entre 2003 e 2009, chegando a abranger 94,9 milhões de pessoas (50,5% do total da população). No mesmo período, mais de 20 milhões de brasileiros subiram para as classes A e B, de renda maior. Os brasileiros que se enquadravam nas classes D (R$ 706 a R$ 1.125) e E (até R$ 705) passaram de pouco mais de 96 milhões para 73 milhões de pessoas.

“Como a desigualdade caiu e a economia está crescendo, as pessoas são empurradas de baixo para cima e é isso que aconteceu no Brasil no período de 2003 a 2009 e é isso que está acontecendo agora”, explicou Néri. O deslocamento dos brasileiros para classes de renda mais altas revela, segundo ele, o investimento da população em educação e o aumento da oferta de empregos formais, com número crescente de carteiras assinadas no país. Segundo ele, um processo sustentável. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostram que, nos sete primeiros meses deste ano, foram gerados 1,7 milhão de postos de trabalho formais.

“O grande símbolo dessa nova classe média é o emprego com Carteira de Trabalho que agora, em sete meses do ano, já bateu recorde. E a boa notícia é que tem sustentabilidade. Não é porque os brasileiros estão indo mais às lojas, ou porque tem programa social, ou porque tem crédito. Isso é parte da história. A parte principal é que o brasileiro fez o dever de casa, gerou renda e está trazendo renda para casa porque trabalha e estuda. Ele é o grande personagem dessa emergência da classe média, ele que fez esse processo”, disse Néri.

O levantamento aponta ainda que o Brasil saiu da crise “não em fevereiro de 2010, mas em fevereiro de 2009”. Segundo Néri, o cenário coloca o Brasil em situação “bem diferente de países como Índia e China, onde a economia está crescendo com aumento de desigualdade. No Brasil a economia não cresce tanto quanto nos outros Brics [acrônimo que representa os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China], mas cresce com a redução da desigualdade, que era a nossa principal chaga”. Marcelo Néri afirmou ainda que o Brasil está cumprindo a Meta do Milênio na metade do tempo previsto. “A pobreza tinha que cair 2,7% ao ano e está caindo 4,32%, taxa que foi registrada no ano de crise”.

As informações são da Agência Brasil


FGV: classe A foi a mais atingida pela crise financeira
GLAUBER GONÇALVES - Agencia Estado

RIO DE JANEIRO - A classe A foi a camada da população mais atingida pela crise financeira internacional. E foi também o estrato que menos ganhou integrantes de 2008 para 2009: 106.487 pessoas passaram a ocupar o topo da pirâmide social, revelou a pesquisa "A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres", da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada hoje.

"A classe C se defendeu melhor da crise, muita gente de classe A e B está ligada à indústria", afirmou o coordenador do estudo, o economista Marcelo Neri, sobre um dos setores da economia que mais sofreram com as turbulências. "A crise afetou o centro do capitalismo, os mais ricos perderam mais", acrescentou.

Porém, ao se considerar o período de 2003 a 2009, a classe A foi a que proporcionalmente mais cresceu no Brasil. "Há um movimento geral de deslocamento das pessoas em direção ao topo da pirâmide", explica Neri, ao avaliar que o crescimento dessa classe econômica também é importante para o desenvolvimento do País.

Enquanto a classe A aumentou 40,9% no período, as classes B e C tiveram ganho de 38,5% e 34,3%, respectivamente. A classe D encolheu 11,6% e a E, 45,5%. A redução da desigualdade de renda no Brasil é apontada como uma tendência. O estudo da FGV prevê que o Brasil está prestes a atingir o menor nível de desigualdade desde que os registros foram iniciados, em 1960.

O estudo também revelou que, embora o Produto Interno Bruto (PIB) do País não tenha crescido em 2009, a renda per capita aumentou 2,04% no período, com base em dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad). Outros indicadores, além da renda, também mostram que as condições de vida da população melhoraram, como o porcentual de domicílios com computadores com acesso à internet, que subiu de 11%, em 2003, para 28,4%, em 2009.

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