Stênio Ribeiro – Repórter da Agência Brasil
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Foto: Helcio Menezes |
Pesquisas do projeto Polinizadores do Brasil
constataram, nos últimos cinco anos, que abelhas, insetos e aves são
fundamentais para o aumento da produtividade em lavouras, pomares e matas. Em
alguns casos de polinização com abelhas, principalmente, a produtividade pode
aumentar em até 70%, de acordo com o projeto coordenado pelo Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade (Funbio) e Ministério do Meio Ambiente.
Apesar dessa contribuição, técnicos do Funbio
revelaram que 78% da população brasileira desconhece a importância da
polinização para produção de alimentos. Citaram, inclusive, números da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), segundo os
quais 70% das culturas agrícolas dependem dos polinizadores. As abelhas são
essenciais para garantir a alta produtividade e qualidade dos frutos e de
diversas culturas.
Levantamento da Universidade de São Paulo (USP) vai
além e informa que cerca de 75% da alimentação humana dependem de plantas polinizadas.
Esse serviço, feito gratuitamente por abelhas, aves e insetos, é estimado em
US$ 12 bilhões anuais nas principais culturas brasileiras. Conforme a Funbio, a
maioria dos brasileiros desconhece até o que seja polinização.
Planos de manejo
Para divulgar a importância do papel dos
polinizadores na produção de alimentos e a necessidade de promover a
conservação e o uso sustentável dos animais, o projeto estudou a polinização de
culturas agrícolas brasileiras entre 2011 e 2015.
Também produziu uma série de planos de manejo com
recomendações para agricultores e observou o comportamento de diferentes
espécies de polinizadores, identificando, inclusive, nove novas espécies de
abelhas.
De acordo com a secretária-geral da Funbio, Rosa
Lemos de Sá, o projeto Polinizadores do Brasil é a maior iniciativa já
realizada no país sobre o assunto. É um grande trabalho de pesquisa e análise
de dados, envolvendo 60 bolsistas de 18 instituições de pesquisa em 15 estados
para entender, conhecer e reconhecer o papel dos agentes polinizadores na
produção agrícola.
Segundo Rosa Lemos, das quase 310 espécies de
plantas conhecidas, 87% dependem de polinização animal. Rosa acrescentou que as
abelhas são responsáveis por mais de 70% das polinizações.
Em parcerias com a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), USP, entre outras universidades, as pesquisas
coletaram informações sobre o comportamento de agentes polinizadores nas
culturas de algodão, caju, canola, castanha-do-brasil, melão, maçã e tomate.
Recomendações
O trabalho rendeu mais de 40 publicações, incluindo
plano de manejo para cada cultura estudada, com sugestões de práticas amigáveis
aos polinizadores. Entre as recomendações de boas práticas agrícolas para
manutenção dos agentes polinizadores, algumas são comuns a todas as culturas:
manter a vegetação natural próxima às roças, fazer plantios consorciados,
preservar fontes de água e evitar desmatamentos.
“São ações simples que favorecem a visitação dos
agentes”, afirmou Vanina Antunes, coordenadora do projeto do Funbio. Ela
lembrou que também é importante o cuidado com o uso de agrotóxicos que, em
alguns casos, podem reduzir em mais de 80% o número de visitas dos agentes
polinizadores às flores.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Recursos
Genéticos, Carmen Pires, que coordenou pesquisas de polinização em algodoeiros
de Mato Grosso e da Paraíba, o cultivo de algodão próximo a matas nativas
costuma receber visitas" mais frequentes de abelhas, com aumento da
produtividade em até 18%.
"Interessante observar também que o benefício
das abelhas na plantação é maior à medida que há mais variedades de espécies de
abelhas na época da floração", concluiu.
Edição: Armando Cardoso