A folia de reis
nasceu da catequização por padres portugueses
no Brasil, que
contavam histórias bíblicas por meio da dramatização
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A
tradicional folia de reis, presente na maioria dos municípios
fluminenses, pode se tornar um bem cultural imaterial. O registro está
em estudo pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), que faz um mapeamento das folias no estado, em parceria com a
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). A proposta foi tema de
seminário semana passada na cidade de Vassouras, no interior do Rio, que
inaugurou também mostra temporária sobre o folguedo, com máscaras
usadas na prática pelo grupos dos municípios do Vale do Paraíba.
A
folia de reis nasceu da catequização por padres portugueses no Brasil,
que contavam histórias bíblicas por meio da dramatização. É uma
encenação da viagem dos três reis magos ao local de nascimento de Jesus
Cristo, para presenteá-lo com ouro, incenso e mirra. No cortejo, que
entra na casa de devotos, são declamados cânticos em formato de repente.
Assessora
de Patrimônio Imaterial da Superintendência do Iphan no Rio e
supervisora do mapeamento de folias de reis, Mônica da Costa conta que
já foram listados folguedos em 15 dos 92 municípios. “Temos uma
metodologia específica e queremos terminar o estado todo para fazer o
pedido de registro”, disse. O mapeamento deve se estender a 2015.
A
professora Cáscia Frade, que estuda o tema há 20 anos e coordena o
levantamento com o Iphan, ressalta a presença do ritual folclórico em
quase todas as cidades fluminenses. Ela acredita que o registro pode
estimular políticas públicas para estimular tal prática cultural e cita
como exemplo a possibilidade de as prefeituras financiarem ajuda de
custo aos grupos.
“Cada grupo é mantido, principalmente, pelo
chefe maior, chamado mestre. Ele é encarregado de toda a parte material,
instrumental, indumentária, eles pagam as passagens dos integrantes do
grupo, quando não dá para ir à pé. Com frequência, ele tem ajuda dos
integrantes, dos amigos, mas não existe nenhuma verba [específica]. Uma
ajuda do município faz a diferença”, explica.
Outra proposta é a
criação de uma aposentadoria para os mestres, como a que já existe para
mestres da capoeira, e um salário para participar de atividades em
escolas.
Apesar de ter origens no período colonial, Cáscia conta
que a prática continua forte entre os fiéis, com até 19 grupos por
município. A fé, explica, mantém a tradição viva. “Os grupos vivem em
função de promessas. Por problema de saúde, ter notícia de pessoa
desaparecida, para o filho arrumar o emprego. Enfim, situações que levam
a pessoa a pedir ajuda ao sagrado.”
Caso o Conselho Consultivo
do Iphan declare a folia de reis bem imaterial, o folguedo estará
registrado ao lado de outras práticas como o jongo da Região Sudeste, as
matrizes do samba carioca, o ofício das baianas de acarajé, o ofício de
mestres de capoeira e a roda de capoeira, além da Festa do Divino
Espírito Santo de Paraty, registrada em 2013.
A exposição em Vassouras fica aberta até o final de outubro na Rua Dr. Fernandes Júnior, 89, centro, ao lado da Casa da Hera.
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