Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Edição: Davi Oliveira
Antônio cruz/Agência Brasil |
Fazer com que os estádios construídos para a Copa do Mundo sejam
acessíveis à população de baixa renda é um desafio para os próximos
anos, disse hoje (2) o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
O ministro
chamou a Copa de maior evento do mundo e afirmou que é uma oportunidade
para melhorar a gestão do futebol no país, que, segundo ele, "tem um
desempenho abaixo do sofrível". Ele também disse que é preciso garantir
que os estádios não se tornem espaços de exclusão.
"Isso seria contrariar a própria filosofia e natureza do futebol, que
tem prestígio e é abraçado no Brasil e no mundo porque é uma projeção
do imaginário da igualdade. É o único espaço do mundo em que o Irã pode
ganhar dos Estados Unidos sem sofrer nenhuma retaliação ou ameaça, e
onde Israel e Palestina desfrutam do mesmo status. Futebol é
isso, e isso não pode ser mudado. Isso se garante também com a presença
da população de baixa renda nos estádios", disse o ministro.
Rebelo
defendeu a diversificação da receita nos estádios, como uma saída para
dar maior viabilidade ao funcionamento. Ele afirmou que se reuniu com
dirigentes de clubes e operadores das arenas para analisar as fontes de
renda e financiamento, e uma das medidas que estão em estudo é o
subsídio cruzado, em que a população de renda mais baixa pagaria um
ingresso mais barato que a de renda mais alta, mas nada está definido:
"Sem que haja um estudo completo, não se pode falar em medida concreta",
afirmou.
Reportagem publicada ontem (1º) pela Agência Brasil mostrou que cidades que já deixaram de receber jogos da Copa ainda estão definindo um plano de sustentabilidade para seus estádios
e enfrentam, para alcançar equilíbrio nas contas, baixa média de
público nos jogos de futebol locais, com relação à capacidade
construída, e alto custo de manutenção do equipamento, o que deve
encarecer o preço dos ingressos.
Sobre críticas da imprensa
internacional de que não havia negros nos estádios durante a Copa, o
ministro reconheceu: "Não é uma questão de concordar ou não. É uma
questão de observar e olhar. É evidente que, em eventos do porte da Copa
do Mundo, as arquibancadas são ocupadas por um público de renda mais
elevada. Isso não ocorre apenas na Copa", disse Rebelo. Ele lembrou
ainda que 50 mil ingressos foram distribuídos para beneficiários do
Bolsa Família, alunos de escolas públicas e povos indígenas.
O
ministro também defendeu a melhoria da gestão esportiva, "para que o
futebol brasileiro seja também um dos grandes protagonistas do futebol
mundial, como os nossos clubes já foram, e como a nossa seleção continua
sendo". Ele disse que a média de público no país é mais baixa que em
outros em que o esporte é menos tradicional, como Estados Unidos e
China. "É preciso elevar a participação brasileira no PIB [mundial] do
futebol. É inaceitável que o país que é protagonista do esporte dentro
das quatro linhas tenha um desempenho abaixo de sofrível fora de campo".
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