Foto extraída do Inventário feito pelo INEPC
Construída no século XIX, a
sede da fazenda Santa Cruz veio abaixo. Como puderam demolir um bem histórico dessa
forma?!
Perda irreparável na história
do município e no turismo rural que se pretende implantar em Miracema.
Restaram apenas as madeiras de
demolição da histórica obra. Muito valorizada no comércio, provavelmente tais
madeiras deverão ser vendidas.
A tulha ainda está de pé, mas totalmente destelhada. Será que virá abaixo também?
A fazenda Santa Cruz foi inventariada em
2009 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPC), no Inventário das
Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense (link para o inventário: Santa Cruz). A coordenação do inventário
coube ao brilhante Marcelo Salim de Martino.
Descrição do estado da sede da
fazenda no inventário:
“Aparentemente, o estado de conservação da casa-sede é razoável, mas
requer cuidados. Com a substituição da cobertura por telhas novas, não há
sinais de goteiras. Em apenas um dos cômodos foi verifcado sinal de infltração,
provocado, provavelmente, por telhas quebradas (f43). Foi observado, também, o
deslocamento do emboço (interna e externamente), em virtude da umidade em
conjunto à aplicação de argamassa de cimento em paredes de pau-a-pique (f44 e
f45).
No porão, a situação é um pouco mais grave, uma vez que dois dos
esteios que sustentam os baldrames foram removidos, em virtude de terem
apodrecido e, em seu lugar, foram instaladas escoras provisórias de eucalipto.
Além disso, há
forte presença de
umidade nas paredes,
proveniente do terreno
(f46 e f47).
Foi verifcada também a existência
de ataque por xilófagos da espécie cupim de solo, que provocaram a deterioração
de parte de alguns barrotes. A infestação é mais percebida no porão, no sótão e
no assoalho. Entretanto, assim mesmo, não se apresenta de forma generalizada.
Na área externa, parte do emboço das fachadas laterais está se
desprendendo, proporcionando a exposição das paredes de pau-a-pique (f48).
No prédio onde funcionaram as antigas senzala e tulha, além da
primitiva venda, a situação é um pouco mais grave, pois parte do madeirame do
telhado, porão e assoalho está bastante deteriorada, como resultado da ação de
cupins (f49). Contudo, as cumeeiras, tesouras e terças aparentam estar em bom
estado (f50). Foram notadas, também, algumas goteiras provocadas por telhas
quebradas. Portas e janelas encontram-se conservadas.
A venda e a casa de colono estão em bom estado de conservação, tendo
sido observada a execução de obra recente de manutenção do telhado (f51).”
Que absurdo! Onde vamos parar? Irreparável mesmo. Muito triste com isso. Abraços.
ResponderExcluirEssa doeu no coração, era uma sede muito bonita, cercada de pés de carambola, jambo e jabuticaba, pena
ResponderExcluirE pelo que eu li no sitio da PMM, vai piorar.
ResponderExcluirO prefeito pediu a secretaria estadual de cultura para tratar de patrimônio e esta disse que tem que haver "flexibilização" em alguns casos.
http://www.miracema.rj.gov.br/noticias.php?link=not-ver.php&cod=160
É totalmente inconcebível que a demolição tenha sido autorizada. Não creio que tenha sido. De fato havia uma parede da casa caída há algum tempo, mas daí demolirem a casa toda não justifica. A importância daquela obra era muito grande, se fosse no Rio de Janeiro, por exemplo, acredito que não faltaria ajuda para manter a casa em pé. Mas aqui ...
ResponderExcluirLamentável
Acho engraçado essa história de tombamento de bens particulares. No meu ver isso deveria ser feito com muito bom senso. Primeiro acho que o proprietário deveria ser consultado e informado do fato, o que não aconteceu aqui em Miracema, segundo, caso o proprietário concorde, ele deveria receber algum subsídio para conservar o prédio e até reformar, já que alguns estão em péssimo estado e uma obra de reforma num prédio com mais de 100 anos de construído não fica barato e terceiro, se o proprietário do prédio não tiver interesse e nem condições financeiras para manter o prédio, o poder público deveria indenizar o proprietário, e esse imóvel passaria ser do estado ou da prefeitura municipal que passariam a fazer sua manutenção e conservação. Isso sem contar que deveriam ser tombados prédios que realmente tenham um valor histórico para o município e não qualquer casa velha como foi feito.
ResponderExcluirGrande Helcinho,
ResponderExcluirPara amenizar um pouco a tristeza por esta perda, posso enviar fotos da sede da Fazenda Santa Justa, também inventariada em 2009 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPC), totalmente reformada com as cores originais.
Eu e o Dr. Augusto Alves junto com as respectivas esposas como proprietários a fazenda desde janeiro de 2012 estamos tentando resgatar um pouco da história da antiga fazenda, inclusive com pesquisas para construção de uma capela com a imagem da Santa Justa.
Tal fato mereceu referencia no blog Alcoutim Livre de Portugal, do escritor José Varzeano, onde fomos buscar informações sobre a imagem de Santa Justa para esculpirmos uma réplica.
Grande Vinicius,
ResponderExcluirEstamos aguardando as fotos, com muita ansiedade, para publicá-las aqui no blog.
Parabéns para você e Dr. Augusto e respectivas esposas.
Uma pena, fiz uma visita a pouco tempo, e gostei muito da sede. Ela tinha uma cerca em volta da sede e já tinha uma parede caída. Mas nada que justificava uma derrubada. Com esta sede reformada, esta propriedade valeria muito mais... Quando vejo o roteiro do café em Vassouras e arredores, me lembro destas fazendas históricas de Miracema, mas infelizmente o caldo de cultura aqui é diferente....
ResponderExcluirPoisé. Aos poucos vamos eliminando a história de nosso município. Quanto ao levantameto feito pelo competente funcionário Marcelo, certamente que o Tombamento do imóvel foi feito após se levantar, por completo, as características peculiares da construção que, naturalmente, são incomuns e de valor histórico. E não são poucas: roda-d'água, aos fundos, duto externo de passagem de água à frente da fazenda, paredes de "pau-à-pique", pé direito muito alto e muitas outras, faziam da constução, raridade. Fato concreto é que vamos perdendo aos poucos nossa identidade cultural. A continuar nesse rítmo, perderemos muito mais. Uma cidade conhecida nossa vendeu 4,5 toneladas de livro de sua biblioteca pública municipal, alegando que os livros eram... muito "velhos" e continham muitos fungos. Olhem, é de amargar. É de fazer chorar!
ResponderExcluirEssas fazendas foram "inventariadas" pelo INEPAC. O que é um tipo de savalguarda, de demonstração do interesse histórico-patrimonial, mas que não é forte o suficiente como um tombamento. Talvez por isso tenha ocorrido a demolição. O fato é que apesar do lado triste da perda histórica, há que se compreender, que há um outro problema, a falta de recursos...
ResponderExcluirA paisagem maravilhosa aonde era construída
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