O uso de secadores rotativos pode reduzir de um mês para
dois dias o processo de secagem do café, além de melhorar a qualidade e
segurança alimentar do produto. De difícil acesso para o pequeno produtor, devido
ao custo aproximado de R$ 31 mil, entre aquisição e instalação, o programa Rio
Rural, da Secretaria de Agricultura, instalou sete secadores rotativos de café
para atender grupos organizados de agricultores familiares, através de
subprojetos grupais, nos dois municípios que mais produzem café no estado:
Varre-Sai e Porciúncula.
Em Varre-Sai, maior produtor de café do estado, foram instalados três
secadores. Para João Batista Fabri, dono do sítio Boa Sorte, o benefício maior
é a independência dos agricultores.
- Para usar um secador particular, temos de esperar que ele termine de secar
sua produção. Agora podemos utilizar o equipamento na hora que precisamos -
disse Batista, que mora na microbacia Inverno, onde o secador beneficiou 500
sacas de café na última safra, produzidos por oito agricultores.
Neste grupo, a organização comunitária chama a atenção. A associação dos
pequenos produtores rurais de Ribeirão do Inverno, fundada há cerca de 10 anos,
estava dispersa, mas se fortaleceu com o apoio do Rio Rural, através das
reuniões do Cogem.
- Os produtores perceberam que juntos podem ir mais longe - afirmou Manoel
Duarte Ramos Filho, técnico da Emater-Rio e executor do Rio Rural.
Mais qualidade, maior valor venal
Na microbacia Bonsucesso, em Porciúncula, quatro produtores utilizaram o
secador instalado pelo Rio Rural, beneficiando, juntos, cerca de 300 sacas.
Dono do sítio Lajinha, Luís Gonzaga Fabri produz café há 35 anos e pela
primeira vez pôde usar o equipamento. Ele conta que, com a secagem mecânica, o
preço da saca aumentou 50 reais.
- Este dinheiro vai dar mais qualidade de vida pra minha família, e também
será investido no sítio - explicou Gonzaga, que tem uma nascente protegida com
apoio do Rio Rural.
Perto dali, na microbacia Arataca, outro secador beneficiou 15 produtores e
processou 500 sacas de café, no total. Além dos quatro agricultores que se
uniram para a implantação do subprojeto grupal, o equipamento pôde atender
outros 11 cafeicultores da localidade.
- Não havia secador nas proximidades. Além disso, aqui o produtor paga uma
taxa de uso que é inferior ao valor praticado no mercado - contou Marcos
Fernando Pelegrini, membro do Cogem e da associação local.
A taxa foi estipulada pelos próprios agricultores, em todas as localidades
beneficiadas com o equipamento. São R$ 15 por hora, para custear o gasto com
energia elétrica, lenha, operador e uma reserva para manutenção. O valor
cobrado pelos prestadores de serviço nesta área é de R$ 25 por hora.
Ciclo bianual
A cultura do café é bianual. Quando produz muito em um ano, no ano seguinte
tem uma safra menor. Luis Gonzaga Fabri, por exemplo, colheu 180 sacas este
ano, e espera colher 300 sacas no ano que vem. Ele estima que o secador
instalado na microbacia Bonsucesso processe, no mínimo, 800 sacas de café em
2013.
Engenheiro agrônomo da Emater-Rio de Porciúncula, Cristiano Catheringer foi
responsável pela instalação dos equipamentos e dá assistência aos cafeicultores
para garantir a boa safra.
- A análise do solo é indispensável. Ela mostra o tipo e a quantidade do
adubo que deverá ser usado na lavoura. Além disso, fazemos correção com
calcário de 3 em 3 anos, e cuidamos da prevenção de pragas e doenças no cafezal
- ressaltou o agrônomo.
Em Porciúncula, foram instalados quatro secadores rotativos de café, mas a
demanda ainda é grande. No local, estão sendo elaborado 20 novos subprojetos
grupais para instalação de secadores.
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